Publicado em: 03/10/2025 às 19:00hs
O mês de setembro trouxe cenários opostos para o mercado do feijão no Brasil. Enquanto o feijão carioca se manteve firme, sustentado pela oferta restrita e pela estratégia de retenção de estoques, o feijão preto enfrentou baixa liquidez, excesso de produto disponível e preços enfraquecidos. A avaliação é do analista Evandro Oliveira, da Safras & Mercado.
Segundo Oliveira, as vendas internas foram pouco expressivas ao longo do mês e, quando ocorreram, ficaram concentradas no pós-pregão e em negociações pontuais por amostras. A estratégia dos corretores foi evitar sobras e tentar preservar preços.
Do lado da demanda, os compradores mantiveram postura cautelosa. “Um simples esboço de alta levou muitos a recuar das negociações”, destaca o analista.
A entrada da terceira safra trouxe problemas de qualidade, com grãos ressecados e maior índice de quebras, resultando em descontos e até devoluções. Ainda assim, os lotes de feijão extra (notas 9, 9,5 e 10) foram rapidamente disputados e os grãos comerciais (notas 7,5 e 8) se tornaram escassos, elevando seu valor no mercado.
As cotações registraram os seguintes patamares:
Regiões como o interior paulista e o Noroeste de Minas reportaram preços acima da média nacional.
De acordo com Oliveira, até 80% da produção está armazenada em câmaras frias, o que reduziu a disponibilidade imediata e sustentou as cotações. A produtividade menor que o esperado em parte da safra 2024/25 também reforçou o viés altista. Porém, a qualidade irregular, a dificuldade de repasse no varejo e a possível entrada de novos volumes podem limitar os ganhos caso o consumo não reaja.
O feijão preto manteve-se fragilizado em setembro devido ao excesso de estoques frente ao consumo interno. As negociações ocorreram em faixas mais baixas:
As exportações foram o principal alívio, totalizando quase 100 mil toneladas entre janeiro e setembro. Além disso, os leilões de PEP/PEPRO da Conab, com subvenção de R$ 21,7 milhões, foram anunciados para aliviar a oferta no Sul, mas enfrentam barreiras operacionais. “O limite de 8 toneladas por CPF praticamente inviabiliza a adesão”, ressalta Oliveira.
Nos estados do Sul do Paraná e nos Campos de Cima da Serra (RS), os preços variaram entre R$ 120 e R$ 150/sc, muito abaixo dos patamares do carioca.
O plantio da próxima safra já sinaliza ajustes importantes. A primeira safra 2025/26 deve registrar redução de área de mais de 35% no Sul e 40% no Paraná, o que pode contribuir para o equilíbrio do mercado no futuro. Entretanto, os efeitos só devem ser sentidos mais adiante, enquanto o mercado permanece pressionado pelo elevado volume de estoques e pela demanda fraca.
Problemas de qualidade na pós-colheita, clima adverso e a incidência da mosca-branca marcaram o comportamento do mercado no mês.
Para o feijão carioca, a expectativa é de manutenção do viés altista, sustentado pela baixa oferta de qualidade e estoques limitados. Já o feijão preto deve seguir em recuperação lenta, dependente das exportações e da redução de área plantada.
Fonte: Portal do Agronegócio
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