Publicado em: 12/09/2025 às 19:20hs
O mercado brasileiro de trigo encerrou a semana em ritmo lento, com baixa liquidez e negócios pontuais. Segundo o analista e consultor de Safras & Mercado, Elcio Bento, compradores e vendedores mantêm-se em posições defensivas, aguardando sinais mais claros do mercado.
“O mercado brasileiro de trigo se encontra em fase de acomodação. A postura defensiva dos agentes reflete o ceticismo diante das incertezas que ainda cercam o setor”, afirmou Bento.
A colheita de trigo no Paraná avança e tem pressionado os preços. As cotações indicadas pelos moinhos para o trigo da nova safra no FOB interior variaram entre R$ 1.300 e R$ 1.320 por tonelada, enquanto no CIF, os preços ficaram entre R$ 1.350 e R$ 1.400/t, dependendo da qualidade e prazo de pagamento.
A pedida do produtor permaneceu em torno de R$ 1.400/t, acima da paridade de importação (base Argentina), de R$ 1.385/t FOB Ponta Grossa. A média atual do FOB interior do estado é de R$ 1.307/t, queda de 11,1% em relação a 2023.
O Deral informou que 12% da área paranaense já foi colhida e a produção projetada é de 2,6 milhões de toneladas, aumento de 13% em comparação à safra passada. Após três episódios de geadas, a preocupação atual recai sobre o excesso de chuvas durante a colheita.
Segundo Bento, os moinhos optam por aguardar maior disponibilidade do trigo da nova safra, o que tende a reduzir os preços e abrir oportunidades de compra mais competitivas.
“A resistência dos produtores em aceitar os preços atuais, aliada à postura defensiva dos moinhos em retardar compras, mostra que ambos buscam condições mais vantajosas”, explica o analista.
No Rio Grande do Sul, as cotações para a safra velha ficaram em torno de R$ 1.250/t, com liquidez restrita e sem negócios recentes registrados. Alguns negócios pontuais para a safra nova foram reportados, com moinhos paranaenses pagando R$ 1.150 a R$ 1.160/t FOB interior gaúcho. A média do FOB interior encerrou a semana em R$ 1.255/t, estável frente à semana anterior, mas 8,1% menor que no mesmo período de 2024.
A colheita estadual está prevista apenas para outubro, mantendo a resistência nos preços de curto prazo. Segundo a Emater-RS, 70% das lavouras gaúchas estão em fase vegetativa e apresentam bom estado fitossanitário, o que pode ampliar a oferta local nas próximas semanas e gerar ajustes de preço com a chegada dos novos lotes. A paridade de exportação para competitividade frente ao trigo argentino está em R$ 1.050/t.
As importações de trigo no Brasil totalizaram 493,2 mil toneladas em agosto de 2025, queda de 9,5% em relação às 544,8 mil toneladas de agosto de 2024. A principal mudança foi a concentração das compras na Argentina, que saltaram de 189,5 mil t para 465,6 mil t, representando quase todo o volume importado.
Em contrapartida, origens como EUA, Rússia e Uruguai, que tinham participação relevante em 2024, praticamente desapareceram em 2025. No mercado interno, houve maior pulverização regional, com estados como Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Pará e Espírito Santo ganhando relevância, além de pequenos volumes destinados a regiões antes pouco representativas.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias