Publicado em: 04/12/2025 às 13:30hs
Um novo método desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Zootecnia (IZ), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, promete transformar a bubalinocultura no Brasil. A pesquisa, realizada a partir de uma demanda da Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB), permite identificar o gene CSN3 da Kappa caseína, responsável por aumentar o rendimento do leite e melhorar a qualidade do queijo.
O estudo faz parte do Programa de Avaliação Genética em Búfalos, conduzido pela ABCB, e contou com a análise de cerca de 600 animais de criadores associados. O objetivo foi compreender como determinadas variações genéticas influenciam na eficiência produtiva e no valor agregado dos produtos derivados do leite.
Segundo o pesquisador científico do IZ, Anibal Eugênio Vercesi Filho, entre as proteínas que compõem o leite, as caseínas são as mais relevantes para o processo de fabricação de queijos — especialmente a Kappa caseína.
“Essa proteína tem relação direta com o rendimento do leite para queijo. O método que desenvolvemos é semelhante ao teste de paternidade e permite ao produtor conhecer a composição genética do seu animal quanto à Kappa caseína”, explicou Vercesi Filho.
De acordo com o pesquisador, os animais podem apresentar três genótipos possíveis: AA, AB ou BB. Saber essa informação ajuda o produtor a tomar decisões estratégicas para melhorar o desempenho do rebanho.
“Búfalas com genótipo BB têm rendimento de leite para queijo até 10% superior ao de animais AA. Isso significa maior rentabilidade e eficiência produtiva, já que, em média, são necessários cinco litros de leite para produzir um quilo de queijo de búfala”, destacou Vercesi.
Entre os produtores participantes do estudo está o Laticínio Família Rossato, de São Paulo. O proprietário e presidente do Conselho Administrativo da ABCB, Caio Rossato, reforçou a importância da pesquisa e da associação entre produtores e instituições públicas.
“A Kappa caseína BB influencia tanto o rendimento quanto a qualidade do queijo. Esse resultado só foi possível graças à parceria entre a ABCB, o IZ e o governo paulista. A união entre produtores e a ciência é essencial para o avanço da bubalinocultura”, afirmou.
Rossato destacou ainda que o projeto nasceu de uma demanda dos criadores em 2022, com o apoio do CNPq e do IZ de Nova Odessa, que financiaram e executaram a pesquisa. “Nada acontece da noite para o dia. Hoje estamos colhendo os frutos de um trabalho iniciado há anos”, completou.
Para o presidente da ABCB, Simon Riess, o estudo representa um marco para o setor. “Com esse trabalho coordenado pelo IZ, abre-se uma nova possibilidade de seleção genética sustentável e economicamente vantajosa para os produtores. É um passo fundamental para o futuro da bubalinocultura”, avaliou.
Riess destacou ainda que o Instituto de Zootecnia está disponível para auxiliar produtores de todo o país que queiram identificar o gene da Kappa caseína em seus rebanhos e iniciar programas de melhoramento genético.
Os produtores interessados podem obter mais detalhes sobre o projeto junto à ABCB, pelo e-mail bufalo@bufalo.com.br ou telefone (11) 95606-8077.
Também é possível contatar o pesquisador Anibal Eugênio Vercesi Filho, do IZ, pelo e-mail aefilho@sp.gov.br ou telefone (19) 99172-2223.
Fonte: Portal do Agronegócio
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