Cana de Açucar

Safra de cana no Centro-Sul deve crescer 3,6% em 2026/27, enquanto etanol de milho ganha força no Nordeste

Centro-Sul projeta terceira maior moagem da história


Publicado em: 23/09/2025 às 18:40hs

Safra de cana no Centro-Sul deve crescer 3,6% em 2026/27, enquanto etanol de milho ganha força no Nordeste

A primeira estimativa para a safra 2026/27 de cana-de-açúcar no Centro-Sul aponta uma moagem de 620,5 milhões de toneladas, 3,6% acima do ciclo 2025/26, segundo dados da StoneX, empresa global de serviços financeiros.

O resultado posicionaria a região diante da terceira maior safra já registrada. O crescimento é atribuído a três fatores principais: o rejuvenescimento do canavial, a expectativa de chuvas mais próximas da normalidade entre outubro e março, e a expansão da área colhida, prevista em 8 milhões de hectares, 1,8% acima do ciclo atual. Parte desse aumento se deve à recuperação de áreas afetadas por queimadas entre julho e setembro de 2024, quando 420 mil hectares foram impactados.

“A recuperação das áreas reformadas após as queimadas e o retorno esperado das chuvas criam um ambiente mais favorável para o setor. Esses fatores, somados ao rejuvenescimento do canavial, explicam a projeção de uma safra entre as maiores da história do Centro-Sul”, destaca Marcelo Di Bonifácio Filho, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

Produtividade e derivados devem avançar

A produtividade média deve atingir 77,5 toneladas por hectare, mesmo com déficits hídricos persistentes em regiões como Triângulo Mineiro, Sul de Goiás e Noroeste Paulista.

No setor de açúcar, a produção está estimada em 42,1 milhões de toneladas, crescimento de 5,7%, o segundo maior volume histórico. O aumento é sustentado pela maior moagem e pela normalização do Açúcar Total Recuperável (ATR), projetado em 138,8 kg/ton, alta de 2,4% sobre o ciclo anterior. As exportações podem se aproximar do recorde de 2024, com excedente estimado em 34 milhões de toneladas.

O etanol também terá crescimento: a produção de etanol hidratado de cana deve chegar a 14,6 bilhões de litros (+8,2%), enquanto o etanol de milho na região pode alcançar 11,4 bilhões de litros (+17,5%), representando quase um terço do volume total.

Nordeste: etanol de milho se destaca

No Norte-Nordeste, a moagem de cana em 2025/26 deve se manter estável em 57,3 milhões de toneladas, leve queda de 0,5% sobre o ciclo anterior. A produção de açúcar deve recuar 1,9%, para 3,65 milhões de toneladas, refletindo a normalização do ATR após resultados recordes em 2024/25.

O grande destaque é o etanol de milho, com produção prevista em 962 mil m³ (aproximadamente 1 bilhão de litros). O avanço é impulsionado pela entrada em operação de novas plantas, como a usina da Inpasa em Luís Eduardo Magalhães (BA), com capacidade superior a 500 mil m³ anuais, além de projetos na Bahia, Tocantins, Piauí e Rondônia.

“O etanol de milho ganha relevância estratégica no Nordeste por diversificar a matriz de produção, garantir maior segurança no abastecimento de biocombustíveis e ampliar a competitividade da região no mercado nacional”, avalia Di Bonifácio.

Com o crescimento do milho, o etanol de cana tende a perder espaço relativo, especialmente a partir de 2026/27, quando novos projetos estarão em operação. A expectativa é que o mix açucareiro do ciclo 2025/26 seja de cerca de 51%.

Fonte: Portal do Agronegócio

◄ Leia outras notícias