Publicado em: 10/12/2025 às 18:00hs
O valor líquido do quilo do Açúcar Total Recuperável (ATR) registrou nova queda em novembro, recuando de R$ 1,1830 para R$ 1,1750, conforme dados do Conselho de Produtores de Cana-de-Açúcar e Etanol de Alagoas e Sergipe (Consecana-AL/SE). A retração de 0,68% reforça o cenário de instabilidade que já havia se intensificado em outubro, quando o indicador caiu mais de 12%.
O resultado frustra as expectativas de recuperação e agrava a crise que atinge o setor, especialmente os pequenos fornecedores de cana, que dependem diretamente da remuneração pelo ATR para manter suas atividades.
Segundo Edgar Filho, presidente da Associação dos Plantadores de Cana de Alagoas (Asplana), a sequência de quedas no valor do ATR coloca os produtores em situação delicada.
“As usinas enfrentam dificuldades, mas possuem mecanismos de defesa. O fornecedor, por outro lado, depende apenas do valor da matéria-prima para sustentar sua propriedade. Com esses preços e a relação difícil com algumas usinas, há desânimo e risco de perda de produtividade”, destacou.
Edgar alerta ainda que, sem medidas emergenciais, muitos produtores poderão perder parte dos canaviais, agravando a crise no campo.
Diante da forte retração do ATR e da queda nas cotações do açúcar e do etanol, a Asplana e outras entidades representativas do setor canavieiro no Nordeste articulam junto ao governo federal a aprovação de uma subvenção econômica de R$ 12 por tonelada de cana, destinada aos pequenos fornecedores.
“Sem essa ajuda, o pequeno produtor não sobrevive. O custo de produção está altíssimo, e a subvenção é a única forma de garantir a continuidade da atividade e preservar os empregos que a cana gera em Alagoas e em todo o Nordeste”, afirmou Edgar Filho.
De acordo com a Asplana, o setor sucroenergético emprega mais de 60 mil trabalhadores diretamente em Alagoas e cerca de 130 mil em todo o Nordeste, representando uma das principais bases econômicas e sociais da região.
“Estamos diante de uma grave ameaça ao futuro da atividade. Há queda de preço, de produtividade e de rentabilidade. Sem apoio, corremos o risco de ver uma quebradeira generalizada”, reforçou o dirigente.
A Asplana também solicitou uma audiência com o governador Paulo Dantas, com o objetivo de discutir medidas emergenciais de apoio ao setor. Entre as propostas apresentadas estão a concessão de crédito presumido e a distribuição de adubos para pequenos produtores.
“Nosso setor gera emprego e desenvolvimento para Alagoas. É justo que o Estado ajude o fornecedor a superar essa crise com ações concretas”, defendeu Edgar.
O levantamento do Consecana-AL/SE aponta que apenas o açúcar destinado ao mercado internacional registrou leve alta, passando de R$ 105,77 para R$ 108,43 por saca. Já o açúcar cristal caiu de R$ 136,98 para R$ 127,32, e o açúcar VHP permaneceu estável em R$ 136,93.
No caso do etanol, a tendência negativa se manteve: o anidro caiu de R$ 3,061 para R$ 3,006, e o hidratado, de R$ 2,876 para R$ 2,733. Como resultado, o preço médio do ATR nos produtos ficou em R$ 1,9881, e o acumulado do mês chegou a R$ 2,0141. A tonelada da cana-padrão fechou novembro em R$ 134,05, ligeiramente abaixo do acumulado de R$ 135,81.
Para a Asplana, a aprovação da subvenção é urgente para evitar o colapso da atividade.
“A cana não pode esperar”, conclui Edgar Filho. “Precisamos de uma decisão rápida para garantir a sobrevivência dos pequenos produtores e preservar milhares de empregos que dependem dessa cultura em Alagoas.”
Fonte: Portal do Agronegócio
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