Aveia, Trigo e Cevada

Mercado de trigo registra retração de preços e nova safra avança no Brasil

Preços do trigo caem em agosto com baixa liquidez e forte concorrência internacional


Publicado em: 15/09/2025 às 20:00hs

Mercado de trigo registra retração de preços e nova safra avança no Brasil
Foto: Embrapa

O mercado brasileiro de trigo encerrou agosto em tendência de baixa, pressionado por fundamentos internos e externos. A proximidade da nova safra, a ampla oferta global e a paridade de importação desfavorável ao produto nacional limitaram a valorização, em um cenário de baixa liquidez e concorrência internacional elevada, segundo o relatório Agro Mensal da Consultoria Agro do Itaú BBA.

No Paraná, o preço médio ao produtor fechou o mês em R$ 75,80 por saca de 60 kg, recuo de 2% em relação a julho. No mercado internacional, o contrato futuro de Chicago atingiu mínima de USDc 498/lb em 19/08 e encerrou agosto a USDc 518/lb, acumulando queda média de 6% no mês.

A pressão baixista foi reforçada pela competitividade do trigo argentino, responsável por 94,4% das importações brasileiras em agosto, totalizando 493 mil toneladas. A valorização do real frente ao dólar também tornou o produto estrangeiro mais atrativo, limitando ganhos para o trigo nacional.

Estoques elevados e baixa demanda por derivados contribuem para retração

No mercado físico, os negócios foram pontuais e concentrados em regiões com menor oferta imediata. Os estoques de passagem elevados e a competitividade do trigo argentino mantêm o mercado doméstico abastecido.

A demanda por derivados, como farinha e farelo, também enfraqueceu. Moinhos bem estocados negociaram a valores menores para liberar espaço para a entrada da nova safra, mantendo o comportamento defensivo dos compradores.

USDA revisa produção global e destaca recuperação na UE e Índia

O USDA ajustou a produção global de trigo para 807 milhões de toneladas, representando alta de 1% em relação ao ciclo 2024/25. A recuperação se concentra na União Europeia (+12%) e na Índia (+4%).

Outros produtores seguem em bom desempenho: a Argentina concluiu o plantio com 84,8% da área em boas condições hídricas, projetando colheita superior a 20 milhões de toneladas pela segunda safra consecutiva. Na Rússia, chuvas intensas atrasaram a colheita e afetaram a qualidade inicial dos lotes, mas a consultoria SovEcon revisou para cima as estimativas de produção e exportação. Nos EUA, o trigo de inverno foi colhido, enquanto o de primavera apresenta qualidade mista devido à irregularidade climática.

Safra 2025/26 no Brasil avança com atenção à chuva e doenças

No Brasil, o plantio da safra 2025/26 foi finalizado, com 9,1% da área colhida até agosto, de acordo com a Conab. A área cultivada caiu 17,9% frente ao ciclo anterior, totalizando 2,5 milhões de hectares, e a produção esperada recuou 13%, para 7,6 milhões de toneladas.

  • Paraná: Lavoures mais tardias apresentam incidência de oídio.
  • São Paulo: Áreas em maturação já foram dessecadas.
  • Rio Grande do Sul: Maior produtor nacional mantém desenvolvimento vegetativo dentro da normalidade.

A previsão de chuvas em setembro preocupa produtores do Sudeste e Sul, onde o pico da colheita pode coincidir com acumulados significativos, elevando o risco de perdas na qualidade dos grãos. A transição para La Niña pode favorecer as fases finais da colheita, mas exige monitoramento constante.

Fonte: Portal do Agronegócio

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