Meio Ambiente

Brasil deve adotar “passaporte verde” no agronegócio até 2026: exigências ambientais vão redefinir exportações

Mercados internacionais ampliam critérios socioambientais para importar produtos agrícolas


Publicado em: 22/12/2025 às 08:30hs

Brasil deve adotar “passaporte verde” no agronegócio até 2026: exigências ambientais vão redefinir exportações
Foto: Freepik

A partir de 2026, o agronegócio brasileiro enfrentará um novo cenário de exigências internacionais. Grandes compradores, especialmente da União Europeia, passarão a adotar regras mais rigorosas relacionadas à rastreabilidade, desmatamento zero e transparência das cadeias produtivas.

Essas medidas estão sendo vistas como um verdadeiro “passaporte verde” para quem deseja manter ou ampliar suas exportações no mercado global.

Critérios ambientais desafiam empresas e produtores

Relatórios internacionais indicam que a adaptação às novas regras ainda é um desafio para a maioria das empresas do setor. O Global Forests Report 2024 avaliou 881 companhias e constatou que apenas 445 apresentam avanços rumo a cadeias produtivas livres de desmatamento. Destas, somente 64 possuem ao menos uma operação totalmente alinhada ao conceito de “desmatamento zero”.

O estudo Forest 500/Global Canopy 2025 reforça essa constatação: entre as 500 empresas mais influentes do mundo, apenas 3% têm compromissos ambientais sólidos e efetivamente implementados.

“Histórico ambiental será tão importante quanto a qualidade do produto”

Segundo José Loschi, CEO da SRX Holding’s, essa nova fase das exportações agrícolas pode transformar a forma como o Brasil negocia no exterior.

“Essas mudanças criam um novo tipo de ‘passaporte’. Além da qualidade do produto, o histórico ambiental da produção será analisado. Quem não estiver preparado pode ficar fora do mercado”, afirma Loschi.

O executivo destaca que o impacto será mais evidente nas exportações de soja, carne e milho, produtos que juntos somaram mais de US$ 160 bilhões em vendas externas no último ano. Parte significativa desse valor vem justamente de países que agora ampliam suas exigências socioambientais.

Adaptação traz oportunidades de valorização

Para Loschi, o endurecimento das regras deve ser visto como uma oportunidade, e não apenas um desafio.

“O produtor que comprova sua conformidade ganha vantagem competitiva e a confiança do comprador. Muitos países estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis”, ressalta.

Além do fortalecimento da reputação internacional, a adoção de práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) pode abrir portas para novas parcerias e financiamentos verdes.

Rastreabilidade e comprovação de origem serão fundamentais

Entre os pontos que mais exigirão atenção nos próximos meses estão:

  • Rastreabilidade completa da produção, com registros auditáveis;
  • Comprovação de origem livre de desmatamento;
  • Adoção documentada de políticas ESG;
  • Condições de trabalho regulares e transparentes.

Esses critérios já começam a ser cobrados em novos contratos e certificações internacionais, e tendem a se tornar padrão até 2026.

Organização e apoio técnico serão determinantes para pequenos e médios produtores

Loschi reforça que o momento é de planejamento e capacitação, especialmente para pequenos e médios produtores que podem enfrentar mais obstáculos no processo de adequação.

“A organização é peça-chave para chegar com força em 2026. As empresas que ajudarem seus produtores a se adequar agora terão cadeias mais sólidas e competitivas”, conclui.

Fonte: Portal do Agronegócio

◄ Leia outras notícias
/* */ --