Publicado em: 19/12/2025 às 20:00hs
O mercado de feijão carioca iniciou o período de recesso com movimentação mínima, reflexo da pausa nas negociações da Bolsa, que seguirá suspensa até 5 de janeiro de 2026. Apesar da calmaria típica de fim de ano, o cenário físico mostrou resistência, sustentado por uma oferta mais ajustada.
Segundo o analista Evandro Oliveira, da Safras & Mercado, o comportamento difere do padrão histórico, com preços mantidos em patamares elevados, especialmente no interior paulista.
No estado de São Paulo, o feijão carioca nota 9 foi negociado entre R$ 245,00 e R$ 250,00 por saca, consolidando os R$ 245,00 como piso psicológico para o produtor.
A falta de feijão comercial (notas 7,5 a 8) praticamente esvaziou a oferta, mesmo diante de uma demanda varejista enfraquecida.
De acordo com Oliveira, os empacotadores adotaram nova estratégia nesta reta final do ano: muitos optaram por reforçar os estoques de passagem para janeiro, receosos de esperar a entrada da nova safra — que enfrenta atrasos no calendário e redução de área plantada.
Em Minas Gerais e Goiás, o mercado ficou travado, com produtores segurando o produto e pedindo valores acima da disposição de compra, o que reduziu a liquidez regional.
“O mercado encerra firme, pouco líquido e sustentado essencialmente pela restrição de oferta, mesmo em ambiente de recesso”, resume Oliveira.
Enquanto o carioca resiste pela falta de oferta, o feijão preto enfrenta cenário oposto: consumo interno fraco e sustentação quase exclusiva nas exportações.
O varejo segue como principal gargalo, com baixo giro e dificuldade de repassar custos ao consumidor, o que restringe as negociações domésticas a volumes pontuais e de atendimento imediato.
Com o dólar em torno de R$ 5,50, o Brasil atingiu recorde histórico de exportações, somando 501,9 mil toneladas entre janeiro e novembro de 2025.
Esse fluxo foi determinante para reduzir o excesso de estoques e evitar queda mais acentuada nos preços internos.
Nas origens do Sul, os preços permaneceram estáveis e nominais. No Paraná e em Santa Catarina, o feijão preto tipo extra foi negociado entre R$ 130,00 e R$ 134,00 por saca. Já no Rio Grande do Sul, a pressão foi maior, com lotes comerciais abaixo de R$ 100,00 por saca.
“Apesar do suporte externo, o consumo doméstico ainda limita o fôlego do mercado, mantendo o setor dependente das exportações”, observa Oliveira.
No campo, os primeiros dados da safra das águas 2025/26 indicam um cenário estruturalmente mais ajustado.
O Paraná registrou redução de 35% a 38% na área plantada, com perdas potenciais de até 42% em polos produtores. Já no Rio Grande do Sul, o estresse hídrico e o ritmo lento de semeadura elevam o risco de queda na produtividade.
“Mesmo com ajustes estruturais à frente, o curto prazo ainda será de baixa liquidez, preços estáveis e forte dependência do mercado externo”, conclui o analista da Safras & Mercado.
Fonte: Portal do Agronegócio
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