Aveia, Trigo e Cevada

Mercado de trigo segue travado no Sul do Brasil, enquanto cenário global aponta safra promissora

Enquanto produtores locais enfrentam dificuldades de comercialização, expectativa de produção robusta no cenário internacional aquece o mercado global do trigo


Publicado em: 17/06/2025 às 10:50hs

Mercado de trigo segue travado no Sul do Brasil, enquanto cenário global aponta safra promissora
Rio Grande do Sul: retração na área e queda nos preços

O mercado de trigo no Rio Grande do Sul permanece lento, com pouca movimentação tanto nas negociações físicas quanto nos contratos futuros. Segundo a TF Agroeconômica, os moinhos consideram alto o preço de R$ 1.330,00 por tonelada para o trigo local, enquanto o valor projetado para o trigo argentino em dezembro já é inferior a esse patamar. Além disso, a venda de sementes caiu drasticamente no estado — apenas 35% do volume foi comercializado, representando uma redução de 65% na utilização. Estima-se que ainda restem entre 320 mil e 370 mil toneladas de trigo para negociação interna. No mercado externo, o preço de exportação para dezembro está em torno de R$ 1.305,00 por tonelada.

Santa Catarina: lentidão nas vendas e queda nas projeções de produção

Em Santa Catarina, o ritmo do mercado também segue lento e depende da demanda por farinha. Os moinhos indicam preços entre R$ 1.420 e R$ 1.430 CIF, enquanto o preço das sementes gira em torno de R$ 1.500 FOB. O trigo proveniente do Rio Grande do Sul chega ao estado por valores entre R$ 1.480 e R$ 1.500 CIF. A nova safra ainda carece de indicações concretas, mas há relatos de queda de aproximadamente 20% nas vendas de sementes em relação ao ano anterior. A Conab projeta uma redução de 6,3% na produção catarinense, apesar do leve aumento na área cultivada. Os preços da saca seguem estáveis nas principais praças: Canoinhas (R$ 78,00), Chapecó (R$ 75,00), Joaçaba (R$ 76,00), Rio do Sul e São Miguel do Oeste (R$ 78,00) e Xanxerê (R$ 80,00).

Paraná: mercado travado e disputa entre compradores e vendedores

O mercado da safra velha no Paraná permanece travado. Os vendedores pedem pelo menos R$ 1.550 por tonelada (FOB), enquanto os compradores oferecem até R$ 1.500 por tonelada, posto moinho, com entrega prevista para julho e pagamento em agosto. Já o trigo gaúcho chega a R$ 1.350 FOB, acrescido de frete e ICMS. Para a safra nova, as indicações de compra estão em R$ 1.400 por tonelada para outubro e R$ 1.350 para novembro, mas ainda não há oferta por parte dos produtores. O trigo argentino, com forte presença no mercado, tem cotação de cerca de R$ 1.500 CIF moinho, e o paraguaio é negociado a US$ 285 CIF no norte do estado. O preço da saca teve queda de 0,70% na semana, ficando em R$ 78,70, mas ainda proporciona margem de lucro de 7,03% ao produtor, segundo o Deral.

Cenário global: projeções positivas para a safra de trigo em 2024

Durante a Conferência de Grãos do Conselho Internacional de Grãos (IGC), realizada em Londres nos dias 10 e 11 de junho, especialistas apresentaram perspectivas otimistas para a safra global de trigo. A meteorologista Isabelle Tranter, da Aura Commodities Ltd., destacou que a Europa deverá produzir cerca de 140 milhões de toneladas em 2024, beneficiada por um clima mais seco e aumento da área plantada em países como França, Alemanha e Reino Unido. Embora haja algumas preocupações na França e na Polônia, a produção deve se manter sólida. Na Rússia e na Ucrânia, a produção deve permanecer estável, enquanto nos Estados Unidos há expectativa de crescimento de cerca de 1 milhão de toneladas na safra de trigo de inverno, mesmo com os efeitos do fenômeno La Niña. Em contrapartida, a China enfrenta perdas devido às altas temperaturas e à seca.

Soja, leguminosas e etanol também ganham destaque no IGC

Além do trigo, o evento abordou outros temas relevantes. Rosalind Leeck, do Conselho de Exportação de Soja dos EUA, afirmou que, apesar da perda de participação no mercado chinês após a guerra comercial de 2017, os EUA têm ampliado seus mercados para a Europa, Norte da África, Sudeste Asiático e México. A crescente regulamentação ambiental na União Europeia pode favorecer a soja americana no continente.

No setor de leguminosas, Sudhakar Tomar, da Aliança Agrícola Índia-Oriente Médio, apontou que a produção mundial dobrou desde 1980, mas o déficit europeu persiste. Milan Shah, da Global Pulses Confederation, ressaltou a importância de manter o comércio internacional aberto para equilibrar oferta e demanda.

Já no setor de biocombustíveis, Doug Berven, da POET, destacou o crescimento da produção de etanol nos Estados Unidos. No entanto, David Carpintero, da ePURE, alertou que o novo acordo comercial entre Reino Unido e EUA pode prejudicar a produção britânica de etanol, ao eliminar tarifas para o produto americano.

Fonte: Portal do Agronegócio

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