Transgênicos

Existe risco em trabalhar com transgênicos na nutrição animal?

Os termos, transgênicos e organismos geneticamente modificados se referem a organismos que, por ação do homem, tenham sequências de DNA de outras espécies inseridas no seu DNA, de modo a expressar características desejadas do organismo doador


Publicado em: 01/09/2016 às 12:30hs

Existe risco em trabalhar com transgênicos na nutrição animal?

Desde os anos 80, a engenharia genética é utilizada para inserir novas características nas plantas. Entretanto, o cultivo de plantas transgênicas e o consumo humano e animal de seus derivados é recente, sendo um tema sobre o qual predominam discussões científicas, éticas e políticas.

As principais preocupações quanto ao uso de alimentos transgênicos nas rações para animais são a possibilidade de transferência de genes marcadores de resistência a antibióticos para bactérias do trato digestivo animal e os efeitos indesejáveis na saúde e bem-estar dos animais e do ser humano.

Antes do consumo pelos animais, os alimentos transgênicos são processados por diferentes formas para serem utilizados como ração. Estudos demonstraram que o processamento mecânico não influencia na presença do DNA transgênico nos alimentos, entretanto, os processos de extração por solventes e tostagem, como ocorre na soja, resulta em alta degradação de DNA.

Todos os alimentos, sejam eles transgênicos ou não, possuem DNA e as proteínas codificadas por ele em sua composição. Portanto, durante toda sua vida, os mamíferos ingerem DNA e proteínas, sendo esses nutrientes essenciais para os animais e seres humanos. Desta forma, o trato digestivo sempre foi exposto a DNA, proteínas e fragmentos de proteínas de diferentes espécies em suas dietas, e a eficiência da degradação digestiva em humanos e animais é caracterizada como segura e até mesmo benéfica.

Apesar do DNA transgênico permanecer intacto na ração a percentagem de DNA recombinante no genoma de milho é de aproximadamente 0,00022% e da soja integral é de 0,00018% (Jonas et al., 2001). Na tabela 1, fizemos uma simulação para um animal que recebe 2,5kg de ração por dia de uma dieta a base de milho e soja.

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Isso significa que, com o conteúdo de 1.496 µg de DNA/g de milho, o consumo diário de DNA recombinante é no máximo de 6,6 µg/g. Se todo o milho e soja da formulação forem transgênicos a ingestão de DNA recombinante seria de 1,34 µg, ou seja, de 0,00020% do total ingerido (Figura 1).

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Além disso, a digestão deste DNA transgênico ocorre através da ação de nucleases presentes na boca, pâncreas e secreções intestinais. Em ruminantes, ainda ocorre degradação adicional por ação microbiana e processos físicos. Esse mesmo efeito aplica-se às proteínas expressas pelos DNAs transgênicos. Dado às ações das enzimas digestivas, a ocorrência de qualquer efeito indesejável é, portanto, improvável. Ainda que ocorresse qualquer falha no processo digestivo, o organismo animal não seria capaz de absorver proteínas intactas, sendo que estas seriam degradadas pelas bactérias do intestino ou excretadas.

Estudos utilizando rações contendo soja e milho transgênicos, resistentes a insetos e herbicidas, na alimentação de bovinos, suínos e aves mostraram ausência de efeitos adversos nos animais. Além disso, a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA), órgão dedicado à análise e definição de assuntos ligados à segurança alimentar e ao bem-estar animal, emitiu declaração que carne, ovos ou leite provenientes de animais alimentados com ração que contenha organismos geneticamente modificados (OGMs) não possuem vestígios de transgenia (EFSA; 19 de julho de 2007).

Desta forma, desde a liberação do uso de plantas transgênicas no Brasil em 2003, não foi detectado nenhum efeito deletério da utilização de soja e milho transgênicos na produção de animais ou relacionado ao consumo de seus derivados.

Fonte: Agroceres

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