Publicado em: 30/10/2020 às 14:40hs
A pandemia de Covid-19 derrubou o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no segundo trimestre de 2020, mas um setor continuou crescendo: a agropecuária. Com o impacto econômico atenuado no campo, tornou-se mais evidente a necessidade de acelerar a tão falada transformação digital em todas as frentes.
Todos nós acompanhamos negócios se tornando digitais da noite para o dia, seja em nossas próprias empresas, seja no restaurante favorito do bairro. A agropecuária pode não ter vivenciado ainda um momento tão disruptivo, mas nem por isso deixou de ser afetada.
É importante pontuar que o agronegócio brasileiro já é arrojado e adepto da tecnologia, uma das razões pelas quais nos mantemos há anos entre os principais produtores e exportadores do mundo. A coleta de dados na lavoura é bastante difundida; muitos produtores utilizam a agricultura de precisão, por exemplo, para otimizar o uso dos insumos, aumentar a produtividade e minimizar impactos ambientais.
No entanto, o big data, a inteligência artificial (IA) e a internet das coisas (IoT) abrem um novo universo de possibilidades, que se expandirá ainda mais com a chegada do 5G, a nova geração da tecnologia móvel. O produtor pode contar com a tecnologia para fazer o controle da umidade e de nutrientes do solo; monitorar e gerenciar toda a cadeia produtiva em tempo real; acompanhar a temperatura e a movimentação dos animais por meio de tags, detectar anormalidades, entre outros casos de uso.
Boa parte das novas soluções tecnológicas para o campo foram criadas por agtechs, as startups focadas no agronegócios. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil tem mais de 1.000 delas, que oferecem uma variedade incrível de produtos e serviços inovadores.
Nem todas as soluções desenvolvidas para o campo são relacionadas à produção: elas envolvem também a logística e a comercialização. Um dos avanços digitais de maior destaque nos últimos meses foi o crescimento das vendas online, com destaque para os marketplaces, que passaram a oferecer mais insumos e equipamentos de pequeno porte. Sem as tradicionais feiras agropecuárias, fabricantes de máquinas criaram aplicativos e sites para que os interessados pudessem conhecer os lançamentos e tirar dúvidas, e ainda fechar negócio, com todo o suporte (virtual) necessário.
O uso da tecnologia poderia ser ainda maior não fosse um entrave significativo: a baixa ou até mesmo a ausência de conectividade em parte das propriedades rurais. De acordo com o último Censo Agropecuário realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 70% das propriedades rurais do país não possuem nenhum tipo de conexão com a internet. Espera-se que a pandemia impulsione a ampliação do acesso, agilizando investimentos e a tramitação de projetos no Congresso com essa finalidade.
A partir de uma conexão de qualidade, produtores, fabricantes e comerciantes podem integrar plataformas de troca direta, privada e segura de tráfego de internet para suportar transações digitais, analisar grandes volumes de dados gerados em diversas fontes e obter insights operacionais mais rápidos e assertivos. O resultado é mais produtividade, novas e excepcionais experiências para os clientes, e a consolidação do caráter inovador do agronegócio brasileiro.
Eduardo Carvalho, Presidente da Equinix no Brasil
Fonte: InPress Porter Novelli
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