Publicado em: 06/03/2013 às 16:10hs
A expectativa dos parceiros é que a receita inicial dessa nova frente de negócios gere receita total de US$ 100 milhões por ano - de 35% a 45% no mercado brasileiro, onde espera atrair no curto prazo entre dez e 20 grandes clientes, com 10 mil hectares cada.
O sistema auxilia o planejamento das colheitas e reduz custos com testes de campo para determinar os estágios das lavouras. "Algumas empresas têm usado sistemas de posicionamento [GPS] e outras tecnologias para fazer esse tipo de medição, mas o satélite ainda é pouco explorado", afirmou Yukitaka Kaneda, diretor da divisão de sistemas de TI da Hitachi no Brasil. Conhecido como "GeoMation Farm", o produto foi desenvolvido pela Hitachi e é comercializado pela companhia no Japão desde 2004.
Naquele país, o foco são as culturas de arroz e trigo, principalmente na região de Hokkaido, ilha no norte do país. Atualmente, o sistema é usado por 46 clientes japoneses. Com a parceria entre as duas companhias, o objetivo é levar a oferta para outros países, especialmente emergentes Rússia, China e Índia, também grandes produtores de alimentos. Há testes no Brasil desde novembro. Segundo Shintaro Sadamatsu, diretor do departamento de negócios em TI da Mitsui Brasil, o país foi escolhido por sua força na produção de soja.
Os testes são em uma fazenda da Agrícola Xingu, braço de agronegócios da Multigrain AG, subsidiária da Mitsui que atua no Brasil na produção agrícola e como trading de grãos. Os testes na propriedade, localizada no oeste da Bahia e produtora de soja, serão concluídos em junho. Depois, a tecnologia será melhor adaptada à realidade das plantações brasileiras. A expectativa é que as primeiras as vendas aconteçam no início de 2014.
Um dos pontos que serão avaliados após os testes é a forma de entrega das informações. No Japão, os clientes precisam instalar um software da Hitachi criado especificamente para visualizar essas imagens. No processo de expansão global do sistema, a expectativa é que a entrega seja pela internet, no modelo conhecido como nuvem. Nele, os usuários não precisam instalar nada em seus computadores, basta entrar em uma página específica da web.
Conforme Sadamatsu, as companhias podem criar uma joint venture com sede no Brasil ou no Japão. Na parceria, a Hitachi será responsável pela parte tecnológica. Já a Mitsui comercializará a plataforma e, assim, agregará um novo negócio ao seu vasto campo de atuação, que vai desde logística e mineração até os setores de alimentos e automotivo. No processo de venda, serão feitas parcerias com empresas brasileiras de tecnologia. "Elas ficarão responsáveis pela customização e pela instalação", afirmou Sadamatsu.
O produto funciona com a captação de imagens por satélite usando recursos como filtro infravermelho, que serve para capturar a umidade da plantação. Depois de coletadas, as informações são enviadas ao laboratório de pesquisa da Hitachi no Japão. Lá elas são analisadas com a ajuda de computadores e passam pelo crivo de especialistas. No caso dos testes no Brasil, há uma dezena de pessoas dedicadas ao projeto.
Segundo Kaneda, grande parte do trabalho hoje é manual. Quando o produto ganhar mais clientes e a base de dados das plantações crescer, os computadores ganharão mais espaço no processo. No futuro, de acordo com o executivo, poderão ser feitas até simulações sobre o comportamento das plantações. Kaneda também disse que provavelmente será preciso instalar uma estrutura de processamento das informações no Brasil para acelerar a entrega dos resultados aos clientes.
Fonte: Idea Online
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