Publicado em: 22/09/2025 às 14:00hs
Pesquisadores do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Lavras (DCF/Esal/UFLA) desenvolveram uma tecnologia que utiliza resíduos da indústria de papel para produzir hidrogéis à base de nanofibrilas de celulose (NFC). O material pode ser aplicado em diversas etapas da produção agrícola, desde a germinação de sementes até o enraizamento de mudas.
Os testes indicam que os hidrogéis podem substituir substratos tradicionais, como o ágar e a vermiculita, e também servir como alternativa a produtos comerciais em cultivos de café e eucalipto. Dependendo da aplicação, podem ser produzidos em discos ou microesferas.
Os hidrogéis desenvolvidos pela UFLA têm alta capacidade de absorção de água, chegando a 1.500% do seu peso, o que permite liberar a água gradualmente no solo e mitigar efeitos de estiagens. Além disso, eles podem reter nutrientes e fertilizantes, garantindo liberação controlada e reduzindo a poluição causada pelo uso excessivo de defensivos agrícolas.
Segundo o professor Lourival Marin Mendes, da Escola de Ciências Agrárias de Lavras, a pesquisa alia reaproveitamento de resíduos, economia circular e sustentabilidade, sendo uma ferramenta promissora contra mudanças climáticas e secas.
A pesquisa utiliza nanotecnologia para transformar materiais comuns, como tubos de papelão, em hidrogéis com estrutura nanoestruturada, aumentando a eficiência e estabilidade do gel. A tecnologia pode ser estendida a outros resíduos celulósicos, como cascas e serragens, ampliando o reaproveitamento na indústria.
O estudo é conduzido pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Biomateriais (PPGBiomat/UFLA), liderado pelo professor Lourival Marin Mendes, em parceria com o Laboratório de Nanotecnologia, o Laboratório de Cultivo in vitro de Espécies Florestais e o Viveiro Florestal do Departamento de Ciências Florestais.
A equipe inclui docentes, pós-doutores, estudantes de pós-graduação e bolsistas de iniciação científica, e o projeto é financiado pela Fapemig, com início em abril de 2024.
A pesquisa envolve diversas etapas:
Atualmente, a equipe estuda a biodegradabilidade do hidrogel, sua durabilidade no solo e a liberação de micronutrientes. Também estão sendo desenvolvidos métodos para transformar o hidrogel em pó, facilitando transporte, comercialização e armazenamento.
Além do papel, a pesquisa explora o uso de soro de leite, um resíduo da indústria de laticínios, como substituto do cloreto de cálcio no processo de reticulação. O soro pode fornecer minerais importantes, como cálcio, fósforo e potássio, enriquecendo o hidrogel.
O projeto já conta com quatro pedidos de patente, relacionados à formulação e aplicações do hidrogel como agente de germinação e enraizamento. Segundo o pesquisador Rafael Carvalho do Lago (PPGBiomat/UFLA), as patentes protegem o conhecimento gerado e fortalecem a transferência de tecnologia, permitindo que a inovação beneficie diretamente a sociedade.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias