Pesquisas

Sorgo é resistente à seca

O cereal veio da África, região quente, e se adequa bem ao clima do Nordeste, sendo recomendado por especialistas


Publicado em: 21/10/2020 às 15:20hs

Sorgo é resistente à seca

O sorgo é o quinto cereal mais plantado no mundo e nesta safra, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deve ter avanço de 4% na produção da safra 20/21, com 2,5 milhões de toneladas, mantendo a área plantada em 835 mil hectares. O sorgo é uma boa opção para a safrinha quando a janela de plantio do milho fica apertada e as chuvas são escassas. Isso porque a cultura se destaca por ser resistente à seca, tolerando o estresse hídrico.

O cereal veio da África, região quente, e se adequa bem ao clima do Nordeste, sendo recomendado por especialistas. Ele tem sistema radicular mais profundo e ramificado, o que o torna mais eficiente na extração de água do solo. O pesquisador Cícero Beserra de Menezes, da Embrapa Milho e Sorgo, ressalta os benefícios dessa cultura. “O sorgo está entre os cereais mais tolerantes à seca, junto com o milheto, podendo se adaptar plenamente no Nordeste”, relata.

O sorgo usa de mecanismos para se defender da seca. A planta diminui o metabolismo, murcha e enrola a folha e depois volta ao normal quando recebe umidade. O sorgo também possui uma substância cerosa na junção entre a bainha e o limbo foliar, o que o leva a perder menos água durante a transpiração, resultando em maior economia, principalmente em condições de estresse hídrico. “Tanto o sorgo granífero quanto o silageiro possuem estas caraterísticas”, explica Menezes. 

Teste de cultivares

Duas cultivares foram testadas a campo. Na Fazenda Tijuca, localizada em Beberibe, município do Ceará, são cultivadas lavouras de sorgo silageiro BRS Ponta Negra e de sorgo granífero BRS 373. O sorgo BRS 373 é cultivado em consórcio com a lavoura de caju anão.  E o Ponta Negra é utilizado para silagem, que alimenta o gado de leite. 

No consórcio com o cajueiro foi adotado o controle biológico na área de 350 hectares. São usados biopesticidas à base da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt) principalmente para combater a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda). Além da produção de castanha e do aproveitamento do caju (pedúnculo) para a produção de suco, a área de 350 ha, em integração, viabiliza a produção de grãos e de forragem para a suplementação do rebanho leiteiro. São produzidos sete mil litros de leite por dia.

Em outra lavoura da propriedade é feito o cultivo exclusivo do Sorgo BRS Ponta Negra, em uma área de 400 hectares. Nessa área, também é utilizado o Bt para controle de pragas.

Como escolher a cultivar

Para escolher uma cultivar mais adequada, o agricultor deve definir o objetivo da lavoura. No caso de sorgo granífero, as cultivares plantadas no Sudeste podem também ser usadas no Nordeste. O ciclo vai reduzir um pouco. Pequenos produtores devem prestar atenção ao ataque de pássaros, similar ao que ele já faz com a lavoura de arroz. Já no caso de sorgo forrageiro, o produtor deve procurar cultivares que tenham menor suscetibilidade ao fotoperíodo. No Nordeste, os híbridos desenvolvidos para o Sudeste irão apresentar planta mais baixa, resultando em menor produção de massa verde, mas em compensação eles podem produzir panículas maiores, resultando em mais grãos, o que melhora a qualidade da silagem. 

Segundo Menezes a grande vantagem do sorgo em relação ao milho é sua maior tolerância à seca. “Mas, para se obter altas produtividades, são necessários os mesmos cuidados tomados para outras culturas, como correção de solo, adubação, manejo de doenças e pragas e controle de plantas daninhas. A adubação aumenta a produtividade do sorgo e torna a planta ainda mais tolerante à seca. Outro cuidado especial que o produtor de sorgo precisa ter é a profundidade de semeadura das sementes, por ela ser menor que a do milho e a da soja. A profundidade certa deve ser de três centímetros, indo até cinco centímetros, se for em solo arenoso”, recomenda.

Na região são estimadas 193 mil toneladas para a próxima safra, uma queda de 16,8%.

Fonte: Agrolink

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