Foto: Gabriel Faria

Estudo confirma a força da integração

Pesquisadores da Embrapa Meio‑Norte (PI) avaliaram diferentes arranjos de cultivo em São Raimundo das Mangabeiras (MA) — entre eles ILPF, ILP em plantio direto, ILP com aração recente, pastagem e Cerrado nativo. Conclusão: os sistemas integrados e as pastagens bem manejadas acumulam mais carbono e nitrogênio, fundamentais para a fertilidade e a retenção de água no solo.

Como a pesquisa foi conduzida

• Quatro sistemas analisados em áreas com clima e solo semelhantes.
• Amostras de solo coletadas em quatro profundidades ao longo de até 16 anos de uso.
• Comparação direta com vegetação nativa do Cerrado.

Resultados em números

• Adoção de ILP (plantio direto) elevou o carbono orgânico em 84 %.
• ILP com aração recente registrou aumento de 108 %.
• Pastagem apresentou incremento de 66 %.

ILP e pastagens mostraram os maiores estoques de carbono em todas as profundidades; ILPF e Cerrado nativo tiveram os menores.

Por que armazenar carbono no solo faz diferença

Segundo o pesquisador Edvaldo Sagrilo, ganhos vão além da produtividade:

• Mais fertilidade – melhora sustentável dos rendimentos das culturas.
• Menos perdas de insumos – uso mais eficiente de fertilizantes.
• Menos emissões – o solo vira sumidouro de carbono, ajudando a conter o aquecimento global.
• Receita futura – maior potencial para créditos de carbono conforme o mercado se regulamenta.

Depoimento do campo

O produtor de soja Fernando Devicari, de Brejo (MA), adotou ILP há 15 anos e ILPF há 9 anos:

“Nas áreas em que começamos primeiro, dobramos a matéria orgânica do solo. Isso se refletiu em 7,8 sacas de soja a mais por hectare.”

Fatores que explicam o sucesso

• Pastagens de Urochloa brizantha fornecem grande volume de palhada.
• Longo prazo de adoção (mais de uma década) favorece o acúmulo de carbono.
• Áreas de Cerrado originalmente pobres em matéria orgânica respondem rápido à integração.

Projeção para outras regiões

Embora o trabalho tenha focado no Matopiba, Sagrilo ressalta que resultados semelhantes vêm sendo observados em outros pontos do Cerrado. A adoção de sistemas integrados desponta como caminho para conciliar produtividade agrícola com conservação ambiental, reforçando a sustentabilidade da fronteira agrícola brasileira.