Publicado em: 17/12/2024 às 08:00hs
Pesquisas realizadas na Amazônia indicam que a ensilagem de capins tropicais é uma solução promissora para garantir a reserva de alimento durante períodos de estiagem, que têm tendência de se intensificar na região. Trabalhos desenvolvidos pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), em colaboração com a Embrapa Gado de Corte, investigam o impacto das diferentes cultivares de capins tropicais e manejos na qualidade fermentativa da silagem.
A ensilagem de capins tropicais, além de preservar o excedente de volumoso, tem se mostrado uma prática de fácil manejo e baixo risco, especialmente quando comparada a outras culturas utilizadas para a produção de silagem. "O capim oferece flexibilidade de uso, permitindo tanto a produção de silagem quanto o pastejo do mesmo pasto. No entanto, o manejo não deve ser padronizado; cada região da Amazônia exige uma adaptação das melhores práticas", explica Dr. Thiago Carvalho da Silva, professor adjunto de Forragicultura e Pastagens da UFRA, responsável por diversas pesquisas sobre o tema.
Um estudo conduzido na Fazenda Escola de Igarapé-Açú, localizada a cerca de 120 quilômetros de Belém, avaliou sete cultivares dos gêneros Megathyrsus (Syn. Panicum) e Urochloa (Syn. Brachiaria). O experimento analisou indicadores fermentativos, nutricionais e digestivos de capins cultivados em 84 parcelas de 12 m², cortados em diferentes períodos (30, 60 e 90 dias) durante o período chuvoso, por dois anos.
A Brachiaria híbrida Mavuno se destacou pela alta produtividade em massa seca e pela rápida queda de pH durante a fermentação, fator importante para a eficiência da conservação da forragem. "Aos cinco dias de abertura do silo, o pH do Mavuno já estava em torno de 4,8, uma característica normalmente observada apenas aos 30 dias de ensilagem", explica Silva. A rápida queda do pH é um indicativo de maior eficiência no processo de conservação e pode estar associada a uma maior presença de carboidratos solúveis no capim, aspecto que será aprofundado em pesquisas futuras.
Edson de Castro Junior, coordenador técnico da Wolf Sementes, empresa responsável pelo desenvolvimento do híbrido Mavuno, destaca que as pesquisas em silagem e outras formas de conservação de pastagem têm demonstrado o potencial nutricional dessas práticas para aumentar a produtividade nas propriedades rurais. "Estudos mostram que, ao conservar pastagem, é possível produzir mais na mesma área, o que traz maior rentabilidade e sustentabilidade para o produtor", afirma.
O engenheiro agrônomo da Wolf Sementes também ressalta que o Mavuno tem demonstrado excelente potencial produtivo, com níveis elevados de proteína bruta em condições favoráveis de clima e adubação. "Ficamos muito entusiasmados ao ver que o Mavuno foi um dos capins mais produtivos no estudo, mesmo em condições de alta precipitação e umidade, o que amplia as possibilidades para a região Amazônica", conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio
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