Pesquisas

Produção de peixes em tanques-rede é debatida durante a Agrotins

No segundo dia da Agrotins 2022, uma das discussões girou em torno das muitas possibilidades de desenvolvimento da cadeia produtiva de valor da piscicutura no Tocantins


Publicado em: 13/05/2022 às 13:30hs

Produção de peixes em tanques-rede é debatida durante a Agrotins

Reconhecidamente dono de grande potencial de produção de peixes em tanques-rede, o estado ainda não conseguiu aproveitar as condições naturais que possui, como a adequada temperatura média da água nos reservatórios de hidrelétricas. Uma das instituições que vem buscando alterar essa realidade é a Embrapa, cuja Unidade que trata diretamente de aquicultura fica na capital tocantinense.

A pesquisadora Flávia Tavares, da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO), defendeu a diversificação de espécies produzidas. Segundo ela, o desenvolvimento da tilápia (que possui um pacote tecnológico mais avançado que outras espécies e uma cadeia produtiva de valor mais organizada) ajuda no desenvolvimento de outras cadeias de peixes. Ela lembrou a capacidade produtiva anual dos quatro reservatórios situados no Tocantins no rio de mesmo nome: podem ser produzidas 290 mil toneladas de peixes nos reservatórios de São Salvador, Peixe Angical, Luis Eduardo Magalhães e Estreito. De acordo com a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), no ano passado foram produzidas pouco mais de 16 mil toneladas no Tocantins. Esse número coloca o estado apenas como o 18º na produção nacional, muito aquém de onde pode figurar.

Flávia falou sobre a importância da geração de indicadores tanto zootécnicos (conversão alimentar e uniformidade do lote, por exemplo) como econômicos (investimento e mão de obra, por exemplo). No caso da produção de tambaqui em tanques-rede, a Embrapa avançou no desenvolvimento de um protocolo. Uma de suas pesquisas chegou a um ciclo produtivo menor, passando de 12 para 9 meses, e a uma conversão alimentar mais eficiente, passando de 2,2 para 1,74. No entanto, ainda não existe viabilidade econômica para a produção dessa espécie em escala. Em outras palavras, é necessário continuar melhorando os indicadores. A pesquisadora citou como exemplos de projetos que trabalham com produção de peixes em tanques-rede o BRS Aqua, o Tilatech Recria e o Tilatech Engorda.

A geração e a disponibilização de dados e de informações técnicas é um dos principais objetivos das pesquisas da Embrapa. Ao fazer chegar aos diferentes atores da cadeia produtiva de valor da piscicultura resultados efetivos, a empresa colabora para o desenvolvimento sustentável dessa cada vez mais importante atividade econômica no Brasil. A piscicultura nacional ainda carece de um grande número de dados e informações confiáveis e atuais sobre o setor; mas a situação tem mudado e a Embrapa colaborado para essa mudança. Dois exemplos são o Centro de Inteligência e Mercado em Aquicultura (CIAqui) e o Sistema de Inteligência Territorial Estratégica (SITE) para Aquicultura. Ambos foram apresentados na reunião técnica realizada na Agrotins 2022.

Organização - Manoel Pedroza, também pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura, falou sobre o CIAqui. Nesse espaço digital, estão organizados dados e informações sobre diferentes aspectos econômicos da produção aquícola e não apenas de peixes. O pesquisador contextualizou o centro, que é resultado do chamado projeto componente de Economia do BRS Aqua. Manoel apresentou funcionalidades e as diversas categorizações dos conteúdos constantes do CIAqui. Os interessados podem acessar, por exemplo, publicações recentes relacionadas a economia aquícola, cotações realizadas por outras instituições e orientações a respeito de drawback para exportações de tilápia. 

Seguindo a mesma lógica de organização e disponibilização de dados e informações referentes à aquicultura, a Embrapa lançou no ano passado o SITE Aquicultura. São conteúdos espacializados, com destaque para o formato de mapas. Voltado para diferentes atores da cadeia produtiva de valor, como produtores de diferentes portes, empresários e investidores da iniciativa privada, associações e cooperativas, o sistema tem recebido uma média diária de 25 consultas, inclusive de fora do Brasil. Recentemente, foram acrescentadas novas camadas, como legislações por estado e por bacia hidrográfica. Quem apresentou o SITE Aquicultura na reunião técnica foi Marta Ummus, analista de Pesquisa da Embrapa Pesca e Aquicultura.

Já o piscicultor Moisés Labre, que está iniciando produção em tanques-rede em Lajeado, município vizinho de Palmas, relatou sua experiência. Comentou sobre prazos que a atividade precisou seguir e sobre visitas técnicas realizadas para servir como inspiração ou referência para seu negócio. Moisés pode ser considerado um pioneiro no estado como piscicultor de médio a grande porte. Ele disse que sua área tem potencial de produção de 25 toneladas mensais, quantidade ainda acima da atual. Empolgado, Moisés tem vencido desafios para colocar em prática o que o Tocantins oferece de oportunidade para a piscicultura. 

Após as quatro falas, que podem ser consideradas complementares e refletem diferentes aspectos da piscicultura nacional e tocantinense, houve roda de conversa com a participação de outros produtores e técnicos que trabalham na área no estado. Toda a reunião teve coordenação de Thiago Tardivo, da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro) do Tocantins, instituição que está à frente da Agrotins 2022. O evento vai até o próximo sábado, 14 de maio, no Parque Agrotecnológico do Tocantins, que fica no km 23 da rodovia TO 050, entre Palmas e Porto Nacional.

Fonte: Embrapa Pesca e Aquicultura

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