Pesquisas

Pesquisadores da Embrapa analisam musgo da Antártida com várias possibilidades de uso

Fungos endofíticos, isolados do musgo Schistidium antarctici encontrado na Baía do Almirantado, na Ilha Rei George na Antártida, produzem altos níveis de ácidos graxos poliinsaturados, incluindo ácido linolênico e ácido araquidônico, como revelam as pesquisas realizadas por uma equipe de pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP


Publicado em: 28/10/2013 às 08:20hs

Pesquisadores da Embrapa analisam musgo da Antártida com várias possibilidades de uso

“Os compostos presentes no extrato fúngico demonstraram uma forte atividade antioxidante e antibacteriana, principalmente contra as bactérias Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa e Enterococcus faecalis”, explica Itamar Melo, um dos pesquisadores.“Além disso, a análise espectrométrica dos extratos revelou a presença de potenciais agentes antimicrobianos do grupo pirrolos, promissores para aplicabilidade biotecnológica na forma de antibióticos, substâncias antioxidantes e polissacarídoes, essenciais a nutrição humana”.

Micro-organismos são considerados grandes reservatórios de biomoléculas potencialmente valiosas, considerados como verdadeiras usinas biológicas na produção de agentes anticancerígenos, antibióticos, antivirais, antioxidantes, imunomoduladores, além de serem uma fonte de nutrientes essênciais, como de ácidos graxos poliinsaturados.

A necessidade de novos compostos antibióticos, quimioterápicos e agrotóxicos altamente eficazes e com baixa toxicidade, são essenciais para a substituição dos atuais, que em sua maioria, não atendem a demanda, devido ao alto índice de resistência aos compostos existentes por parte dos micro-organismos infecciosos (por exemplo, Staphylococcus, Mycobacterium eStreptococcus). “Vale ressaltar que a identificação de produtos naturais e organismos que os produzam oferecem oportunidades para a descoberta de medicamentos inovadores”, enfatiza o pesquisador.

A utilização de linhagens microbianas derivadas de habitats extremos é relevante devido a grande diversidade de moléculas produzidas por eles, já que conferem características adaptativas únicas, que possibilitam seus estabelecimentos nestas regiões e uma vez isolados em laboratórios demonstram uma enorme variedade de atividades biológicas interessantes. Conforme Melo, “os fungos que crescem em habitats frios precisam manter a mobilidade da membrana celular e para isto produzem ácidos graxos essenciais, incluindo o ômega -3 e ômega -6, tão necessários para a saúde humana, mas não sintetizados pelo organismo”.

Fungos endofíticos isolados de grande variedade de plantas têm atraído a atenção nos últimos anos, mas muito poucos têm sido isoladas de musgos. Em ecossistemas como a Antártica, a distribuição de micro-organismos é restrita a localização dos diferentes hospedeiros, como as aves, as populações de invertebrados e a vegetação. Neste caso, o musgo amplamente disseminado nas regiões da Antártica é um dos micro-ambientes ricos em endofíticos, já que são relativamente pouco explorados como fonte potencial de novas espécies e produtos naturais para usos medicinais e comerciais.

“Por isso, nossa investigação foi especificamente para fungos endofíticos em musgos da Antártida identificado pelo isolado que inibe fortemente o crescimento de colônias de bactérias patogênicas. Este estudo também destaca a necessidade do enfoque e financiamento de pesquisas em ambientes extremos como a Antártica, conclui o pesquisador.

Fonte: Embrapa Meio Ambiente

◄ Leia outras notícias