Publicado em: 27/10/2025 às 16:00hs
A Embrapa e a startup Morfo Brasil iniciaram uma pesquisa conjunta com o objetivo de desenvolver protocolos para o manejo de sementes florestais, insumo essencial para o compromisso do Brasil de restaurar 12,5 milhões de hectares de áreas degradadas até 2030.
O estudo focará em espécies nativas da Mata Atlântica, Cerrado e Amazônia, com potencial para aplicação em semeadura direta, uma técnica voltada à recuperação ambiental eficiente. Segundo Emira Cherif, diretora científica da Morfo, o uso racional das sementes é crucial para acelerar a reabilitação desses biomas.
Previsto para dois anos, o projeto busca alavancar a produção de sementes de alta qualidade e gerar ganhos de produtividade. A pesquisadora Juliana Müller Freire, da Embrapa Agrobiologia (RJ), destaca que o estudo permitirá identificar lacunas de conhecimento e aprofundar pesquisas em tecnologia de sementes florestais, aperfeiçoando protocolos de germinação e conservação.
O desafio, segundo Freire, é a diversidade de espécies e o desconhecimento sobre o comportamento da maioria delas, além das dificuldades na obtenção de sementes em grande quantidade e no beneficiamento, muitas vezes manual e sem equipamentos específicos.
A Morfo Brasil fornecerá lotes de sementes coletadas em projetos de restauração nos três biomas, que serão avaliados pela Embrapa em aspectos como:
Além disso, será realizada revisão bibliográfica sobre tecnologia de sementes, incluindo conservação, secagem, armazenamento, dormência e germinação, buscando melhorar a qualidade e a eficiência das sementes.
A qualidade das sementes influencia diretamente a quantidade necessária para restauração. Estudos indicam que lotes de baixa qualidade exigem quase cinco vezes mais sementes para alcançar os mesmos resultados de lotes de alta qualidade, impactando custos e viabilidade dos projetos.
Para Freire, sementes de alta qualidade garantem maior germinação, vigor, pureza e aptidão genética, permitindo restauração mais eficiente e sustentável.
O processo de obtenção e preparo das sementes envolve:
Freire ressalta que o armazenamento é crítico, especialmente para sementes recalcitrantes, que não toleram secagem e exigem controle de umidade e proteção contra fungos.
A pesquisa também beneficia redes comunitárias de coletores, compostas por agricultores familiares e comunidades tradicionais, fornecendo informações sobre armazenamento, conservação e comercialização, aumentando a eficiência e a renda local.
O setor enfrenta desafios regulatórios, pois o Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem) é mais voltado à agricultura comercial, deixando lacunas para a produção e comercialização de sementes nativas florestais.
Segundo estudo publicado na revista científica Forests, seis estratégias podem fortalecer o mercado:
O projeto se alinha aos compromissos do país, como:
A Morfo Brasil aplica inteligência artificial e técnicas inovadoras para restaurar florestas em larga escala, com um banco de dados de mais de 360 espécies nativas. Já a Embrapa Agrobiologia oferece know-how técnico e científico, com experiência em tecnologia de sementes, produção de mudas e recuperação de áreas degradadas nos diversos biomas brasileiros.
Fonte: Portal do Agronegócio
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