Publicado em: 05/06/2025 às 10:00hs
Técnicos, fiscais e agrônomos de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul visitaram o Paraná nesta semana para conhecer as ações desenvolvidas pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar – Emater (IDR-Paraná) no combate ao greening, ou HLB (Huanglongbing), considerada a principal doença da citricultura.
As pesquisas paranaenses vêm sendo referência no enfrentamento à doença, com destaque para o uso de soluções biológicas no manejo do vetor transmissor da bactéria causadora do greening.
Uma das principais estratégias adotadas é o uso da vespinha Tamarixia radiata, inimiga natural do psilídeo Diaphorina citri, vetor do greening. A Tamarixia é criada nos laboratórios do IDR-Paraná em Londrina e, desde 2016, já foram lançados cerca de 14 milhões de exemplares em pomares domésticos e comerciais, áreas urbanas e regiões com presença da murta – planta ornamental hospedeira do psilídeo.
Essas vespas depositam seus ovos sob as ninfas do psilídeo, eliminando o inseto ainda na fase jovem. Cada vespinha pode eliminar até 500 psilídeos, contribuindo significativamente para a redução da população do vetor e da incidência da doença nos pomares.
Para garantir a distribuição eficiente da Tamarixia no campo, foi desenvolvido um aplicativo exclusivo pelos especialistas em TI do IDR-Paraná. A ferramenta é utilizada por técnicos e produtores, permitindo a construção de banco de dados, mapeamento georreferenciado das liberações e acesso a informações educativas sobre o psilídeo e o parasitoide.
“A tecnologia auxilia tanto na tomada de decisões quanto na conscientização dos produtores”, explica Aline Pissinati, coordenadora do laboratório.
O projeto conta com o apoio da iniciativa privada. Atualmente, participam as cooperativas Cocamar e Integrada, além da indústria de sucos Prat’s. O IDR-Paraná produz cerca de 2 milhões de vespinhas por ano, paralelamente à realização de testes de eficiência com produtos químicos usados no controle do psilídeo, a fim de avaliar sua efetividade e evitar o uso de defensivos ineficazes.
O IDR-Paraná também investe em pesquisas genéticas voltadas ao desenvolvimento de cultivares de citros resistentes ao greening. Os estudos começaram em 1998, inicialmente focados no cancro cítrico, mas agora têm como prioridade o HLB.
De acordo com o pesquisador Rui Pereira Leite Júnior, os primeiros resultados são promissores. “As plantas transformadas não são imunes, mas apresentam menor incidência da doença, sem comprometer a qualidade dos frutos”, afirmou. Os testes de campo ocorrem na Estação Experimental de Xambrê.
O avanço do greening preocupa técnicos e produtores em todo o País. O Brasil é líder na produção e exportação de suco de laranja, com 85% do mercado mundial, e a citricultura representa cerca de US$ 6,5 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
O pesquisador Rui Pereira alerta: “Nosso grande esforço é evitar o colapso que ocorreu na Flórida, onde a produção caiu de 300 milhões para apenas 11 milhões de caixas de laranja por ano, com tendência de queda contínua”.
A citricultura é a principal atividade da fruticultura paranaense. Segundo dados do Valor Bruto da Produção (VBP) de 2023, o Paraná é o terceiro maior produtor nacional, com 29,3 mil hectares cultivados com citros.
Esses números refletem a importância do setor no Estado e reforçam a necessidade de investimentos constantes em pesquisa e inovação para garantir a sustentabilidade da citricultura paranaense.
Fonte: Portal do Agronegócio
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