Publicado em: 29/10/2013 às 09:20hs
A Central de Laboratórios da Agropecuária (CLA), da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) - vinculada à Secretaria da Agricultura (Seagri) - localizada no bairro de Ondina, em Salvador, começa a consolidar as atividades da sua mais nova unidade, o Laboratório de Ecologia Química (LEQ). A unidade, que ampliará os trabalhos de pesquisas desenvolvidos na CLA, composta por mais 13 laboratórios, vai executar pesquisas voltadas ao desenvolvimento de produtos biotecnológicos para o controle de insetos pragas, visando um menor uso de agrotóxicos nos sistemas produtivos.
O LEQ iniciou suas atividades em junho deste ano. Idealizado há dois anos, a partir de uma parceria da EBDA com os Institutos de Biologia, Química e Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e a Embrapa Mandioca e Fruticultura, foi instalado com recursos oriundos de projetos de pesquisa elaborados em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), e tem ainda outros parceiros como a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB).
De acordo com o pesquisador da EBDA, Frederico de Medeiros Rodrigues, para seu pleno funcionamento, o Laboratório de Ecologia Química necessita interagir com outras três unidades da Central, sendo elas: Laboratório de Análise de Resíduos de Agrotóxicos e Compostos Orgânicos Voláteis (COV), cujas pesquisas dependem de equipamentos de cromatografia gasosa e da infraestrutura necessária para extração dos COV disponíveis nessa estrutura; Laboratório de Entomologia – responsável pela criação de moscas das frutas e flebótomos (insetos que transmitem a doença Leishmaniose) e o Laboratório de Biologia Molecular, responsável por análises complementares dos insetos.
Frederico de Medeiros explica que o LEQ, logo após a criação, necessitou da aquisição de equipamentos de última geração – muitos deles importados -, além da construção de um túnel de vento, arenas e olfatômetros, essenciais para os estudos de atração, com os insetos. A mais nova aquisição do laboratório é um detector eletroantenográfico, que utiliza as antenas dos insetos como biodetectores de COV, atratores dos insetos praga. O detector está sendo importado da Alemanha, e será o primeiro equipamento deste tipo na Bahia.
Medeiros ressalta que só existem cinco laboratórios com estrutura funcional e equipamentos dessa qualidade, no Brasil. “Estamos aplicando os procedimentos metodológicos e fazendo estudos para poder evoluir cada vez mais, colocando o LEQ/CLA e a Bahia no circuito dos grandes centros de pesquisa”, enfatizou o pesquisador.
Contribuição acadêmica
As atividades do LEQ, desde o seu planejamento, têm contribuído para consolidar um grupo interinstitucional, na Bahia, e capacitar pessoas no equacionamento de problemas relativos ao controle de insetos praga, que provocam prejuízos ao sistema agropecuário produtivo e à saúde pública.
Nesse aspecto, desponta a parceria para a realização da tese do doutorando em Química, Paulo Roberto Ribeiro de Mesquita, que vem desenvolvendo ações no sentido de identificar os COV emitidos pela manga (cairomônios) e que funcionem como atratores da mosca das frutas (Anastrepha obliqua), buscando novos métodos de controle da praga e, consequentemente, uma menor utilização de agrotóxicos. Este projeto visa a sustentabilidade do sistema produtivo de manga, a preservação do meio ambiente e da saúde pública, objetivando criar, no estado, uma nova vertente de produção de produtos biotecnológicos a serem utilizados na agropecuária.
Além dos estudos envolvendo o controle das moscas das frutas, o LEQ/CLA vem trabalhando em outras pesquisas, também de relevância para a agropecuária baiana, como as desenvolvidas para identificação dos atratores químicos para o vetor da Leishmaniose, e um novo método de controle do psilídeo, inseto vetor de uma bactéria que vem provocando muito danos à citricultura, em diversos estados do país.
Os trabalhos de pesquisas da equipe do LEQ, já estão rendendo frutos. O grupo, entre outros convites, vai publicar um artigo científico na revista internacional Plos One, e com os primeiros resultados dos estudos de ecologia química de insetos, vai apresentar um trabalho científico no Encontro Brasileiro de Ecologia Química, que será realizado, este mês, em Natal. “Este evento vai ser importante para inserirmos o LEQ/EBDA e suas pesquisas, no cenário nacional”, enfatizou o pesquisador Paulo Mesquita.
Fonte: EBDA
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