Pesquisas

Novo centro de pesquisa em São Paulo aposta no milho para ampliar produção de etanol

Centro de Ciência para o Desenvolvimento do Etanol (CCD Etanol) terá sede na Unicamp e busca integrar milho e cana na matriz de biocombustíveis, incentivando produtividade agrícola e eficiência energética


Publicado em: 05/11/2025 às 16:30hs

Novo centro de pesquisa em São Paulo aposta no milho para ampliar produção de etanol
Foto: O professor Luiz Cortez: setor vem diversificando suas ações usando outras matérias-primas. Foto: Lúcio Camargo
Milho entra na rota do etanol em São Paulo

O Centro de Ciência para o Desenvolvimento do Etanol (CCD Etanol), recentemente aprovado pelo programa Cepid e financiado pela Fapesp, tem como objetivo fortalecer a pesquisa e o uso do milho como matéria-prima para etanol no estado de São Paulo. A instituição-sede será o Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) da Unicamp.

Segundo o pesquisador responsável, Luis Augusto Barbosa Cortez, professor aposentado da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri), o Brasil possui um modelo consolidado de produção de etanol, açúcar e bioeletricidade a partir da cana-de-açúcar, mas a diversificação com milho representa uma oportunidade de otimizar a produção e reduzir impactos ambientais.

“Não se trata de substituir a cana, mas de combinar as duas matérias-primas. O milho produz farelo proteico que pode alimentar o gado e ainda contribuir para a produção de etanol durante o ano todo”, explica Cortez.

Comparativo entre cana e milho: produtividade e oportunidades

Atualmente, a produção de etanol nos Estados Unidos, majoritariamente a partir do milho, alcança 60 bilhões de litros por ano. No Brasil, são 38 milhões de litros, dos quais 75% provêm da cana e 25% do milho. Em São Paulo, ainda não há produção significativa de etanol a partir do milho.

A cana-de-açúcar apresenta maior rendimento por hectare — cerca de 7 mil litros por hectare, contra 4,5 mil litros do milho — e possibilita cogeração de energia a partir do bagaço. Já o milho tem a vantagem do farelo proteico, que pode reduzir a área de pastagem necessária para a pecuária e incentivar a produção agrícola complementar.

“O gado ocupa cerca de 160 milhões de hectares no Brasil, um quinto da área total. Com o farelo do milho, podemos reduzir essa área e aumentar a eficiência da produção”, acrescenta Cortez.

Além disso, o milho permite que as usinas operem durante todo o ano e demanda investimento menor que a cana, utilizando grande parte dos equipamentos já existentes.

Estrutura do CCD Etanol e parcerias estratégicas

O CCD Etanol contará com uma equipe de dez pesquisadores, que serão selecionados até o final do ano. O projeto contará com apoio de órgãos estaduais, como a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Saasp), a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag) e a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).

Entre as instituições de pesquisa associadas estão o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Embrapa Territorial, Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), Instituto de Zootecnia (IZ) e Instituto de Energia e Ambiente (IEE-USP).

O projeto também prevê workshops e ações de convencimento junto a prefeituras, buscando parcerias para implementar políticas públicas que incentivem a produção de milho para etanol em São Paulo.

Objetivo: integrar cana e milho na produção de biocombustíveis

Com o lançamento do CCD Etanol, São Paulo pretende diversificar sua matriz de biocombustíveis, combinando cana e milho para aumentar a produção de etanol, otimizar o uso de pastagens e promover uma indústria mais sustentável e eficiente.

“Estamos comemorando os 50 anos do Proálcool com um modelo vencedor, mas a inovação continua com o milho, que poderá contribuir para a produção de etanol e proteína animal simultaneamente”, conclui Cortez.

Fonte: Portal do Agronegócio

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