Publicado em: 02/07/2025 às 17:00hs
Um novo bioinsumo com potencial para transformar o manejo de pastagens no Brasil está sendo desenvolvido por meio de uma parceria entre a Embrapa Agrobiologia (RJ) e a empresa Agrocete. Com lançamento comercial previsto para 2026, o produto é baseado na combinação de três estirpes bacterianas promotoras de crescimento, com capacidade de atuar em diferentes sistemas produtivos e tipos de pastagens — incluindo gramíneas e áreas degradadas.
A nova tecnologia se destaca por sua aplicação ampla. Segundo o pesquisador Bruno Alves, o bioinsumo poderá ser utilizado tanto por produtores tradicionais quanto por aqueles que adotam práticas sustentáveis como Integração Lavoura-Pecuária (ILP) ou consórcios com leguminosas. Já o pesquisador Jerri Zilli ressalta que os testes em estufa indicaram aumento de mais de 30% na biomassa das leguminosas, o que motivou o avanço para ensaios de campo e a busca pelo registro comercial do produto.
Mesmo em áreas sem leguminosas, o bioinsumo mostra-se eficaz ao estimular o crescimento das gramíneas, promovendo redução do uso de fertilizantes nitrogenados, como no caso de pastagens com braquiária. “Isso representa um ganho real para o produtor”, explica Zilli.
De acordo com a diretora da Agrocete, Andrea Giroldo, a formulação multiforrageira é um diferencial estratégico para o mercado, garantindo praticidade e economia. Ela destaca que, atualmente, mais de 70 milhões de hectares de pastagens no Brasil apresentam baixa produtividade ou degradação. O novo bioinsumo chega como uma alternativa sustentável para aumentar a produção bovina sem elevar os custos e com menor impacto ambiental.
Até o lançamento comercial, previsto para 2026, a Embrapa e a Agrocete seguem com estudos agronômicos para validar a eficácia e a segurança do produto no campo. O bioinsumo pode beneficiar diretamente uma área de 159 milhões de hectares de pastagens no Brasil, das quais cerca de 100 milhões enfrentam graus variados de degradação.
A incorporação de leguminosas nas pastagens é uma prática com grande potencial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e melhorar a qualidade do solo. As pesquisas da Embrapa mostram que, por meio da fixação biológica de nitrogênio, essas plantas podem diminuir em até 30% as emissões de GEE, além de reduzir a necessidade de fertilizantes sintéticos.
Além disso, as leguminosas ajudam a reduzir a emissão de metano entérico pelo gado, graças à presença de compostos como taninos condensados, que modificam a fermentação ruminal. Também contribuem para o sequestro de carbono no solo, podendo armazenar até 4,4 toneladas de carbono por hectare ao ano.
As práticas sustentáveis envolvendo leguminosas estão contempladas no Plano ABC+, do governo federal, que incentiva ações de baixa emissão de carbono na agricultura. “O consórcio com leguminosas melhora a fertilidade, promove a circularidade dos nutrientes e reduz as emissões de GEE”, reforça o pesquisador Bruno Alves.
O novo bioinsumo reforça a busca por soluções sustentáveis e eficientes na pecuária brasileira, aliando produtividade, economia e preservação ambiental. A expectativa é que, a partir de 2026, os produtores tenham em mãos uma ferramenta capaz de recuperar áreas degradadas, reduzir o uso de fertilizantes químicos e melhorar a qualidade das pastagens em diversas regiões do país.
Fonte: Portal do Agronegócio
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