Publicado em: 23/06/2025 às 14:00hs
Com o crescimento da população mundial e a preocupação com a segurança alimentar, a busca por novas opções nutritivas e sustentáveis se intensifica. Nesse cenário, a Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), desenvolveu estudos para avaliar variedades de guandu (Cajanus cajan) com maior rendimento, propriedades tecnológicas e benefícios nutricionais, focadas no consumo humano.
O estudo, conduzido pela pesquisadora Ana Rita Nogueira e desenvolvido na UFSCar sob a dissertação do químico Marcelo Tozo, analisou o conteúdo total e a absorção de minerais essenciais e proteínas em duas variedades de guandu, comparando-as com feijão carioca e preto, em amostras cruas e cozidas em diferentes estágios de maturação.
Coordenados pela pesquisadora Renata Tieko Nassu, testes indicaram que as variedades apresentaram:
Esses fatores contribuem para a boa aceitação do feijão-guandu no mercado consumidor.
Ana Rita Nogueira destaca o guandu como suplemento alimentar viável, especialmente em regiões com recursos limitados. Uma porção de 100 gramas cozida contribui significativamente para a Ingestão Diária Recomendada (IDR) de minerais como magnésio e fósforo, sobretudo em grãos maduros.
Embora o guandu tenha menor contribuição mineral comparado aos feijões carioca e preto, geneticamente melhorados, todas as leguminosas estudadas fornecem entre 33% e 39% da IDR de proteínas, evidenciando seu papel na nutrição humana.
O desenvolvimento de cultivares de guandu adaptadas para consumo humano pela Embrapa representa avanço para diversificação alimentar e fortalecimento da agricultura sustentável.
A rusticidade e adaptabilidade do guandu a solos pobres e períodos de seca o tornam ideal para pequenos produtores, beneficiando áreas vulneráveis e promovendo segurança alimentar local. Segundo o pesquisador Frederico de Pina Matta, o sistema radicular do guandu contribui para a biodescompactação do solo e maior resiliência climática, ajudando a enfrentar eventos extremos e secas prolongadas.
Embora o feijão-guandu ainda não supere os feijões tradicionais nas refeições diárias brasileiras, suas qualidades nutricionais, tecnológicas e agronômicas indicam seu potencial para diversificar dietas, suplementar proteínas e minerais, e fortalecer a produção rural sustentável.
Testes de mercado revelaram boa aceitação das novas variedades, com destaque para a maciez e sabor suave. Dos participantes, 98% são consumidores regulares de feijão, 89% já conheciam o feijão-guandu, e a maior parte (63%) era do sexo masculino, com faixa etária predominante entre 36 e 45 anos.
Esse estudo reforça o guandu como uma alternativa promissora para enfrentar desafios nutricionais e agrícolas no Brasil, ampliando opções para o consumidor e fortalecendo a agricultura nacional.
Fonte: Portal do Agronegócio
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