Publicado em: 18/12/2024 às 11:35hs
A Embrapa apresenta a cultivar BRS Guatã, uma nova variedade de feijão guandu que promete benefícios para a agricultura e a pecuária. Além de ser eficaz no controle de nematoides, parasitas que causam danos anuais de R$ 35 bilhões à agricultura nacional, essa variedade contribui para a recuperação de pastagens degradadas e auxilia na alimentação de bovinos durante a estação seca.
Os nematoides são parasitas que afetam culturas de grande importância econômica, como soja, cana-de-açúcar e feijão. Estudos realizados pela Embrapa Pecuária Sudeste (SP) demonstraram que a BRS Guatã é capaz de controlar quatro espécies de nematoides comuns em plantações de soja e cana-de-açúcar: Pratylenchus brachyurus, P. zeae, Meloidogyne javanica e M. incógnita. Esses vermes parasitam as plantas, prejudicando sua nutrição e levando à formação de tumores nas raízes, que podem afetar até as folhas e frutos.
Segundo o pesquisador aposentado da Embrapa Rodolfo Godoy, responsável pelo desenvolvimento da cultivar, foram necessários anos de pesquisa para criar uma variedade que controlasse os nematoides, cujos danos à agropecuária são significativos. Embora as crotalárias também combatam os nematoides, a BRS Guatã oferece ainda mais vantagens, como a descompactação do solo, a alimentação animal e a cobertura do solo.
A BRS Guatã é uma leguminosa rica em proteínas, com cerca de 15%, e tem a capacidade de se associar às bactérias fixadoras de nitrogênio no solo, o que a torna uma opção valiosa para a alimentação de bovinos, especialmente durante a seca. Seu uso pode reduzir a escassez de forragem no período seco, aumentar a taxa de lotação por hectare e melhorar o ganho de peso dos animais.
Além disso, a cultivar tem alto potencial para adubação verde e produção de cobertura morta, o que contribui para a saúde do solo e a redução do uso de fertilizantes químicos. A BRS Guatã se mostrou resiliente ao déficit hídrico, produzindo até 3,3 toneladas de massa seca por hectare em condições irrigadas e 3 toneladas em sequeiro, evidenciando sua alta tolerância à seca.
A BRS Guatã se destaca por seu ciclo vegetativo curto, florescendo aproximadamente 30 dias antes de outras cultivares, como a BRS Mandarim, e apresentando boa velocidade de estabelecimento no campo. Sua altura intermediária e caules mais finos facilitam os tratos culturais. Além disso, a cultivar é resistente à ferrugem da soja e apresenta resistência moderada à podridão do caule.
A BRS Guatã também oferece vantagens para a produção de pastagens e culturas anuais. Sua capacidade de realizar a ciclagem de nutrientes fornece entre 80 a 120 kg de nitrogênio por hectare, o que melhora a fertilidade do solo e beneficia os cultivos subsequentes.
Com a crescente preocupação com as mudanças climáticas, a BRS Guatã se destaca como uma cultura estratégica. Sua resistência à seca e sua capacidade de fixar nitrogênio no solo a tornam uma opção sustentável, reduzindo a dependência de fertilizantes nitrogenados e contribuindo para a adaptação da agricultura e pecuária às condições climáticas adversas.
Essa resistência e resiliência alinham-se com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Embrapa, especialmente nas metas de combate às mudanças climáticas e à segurança alimentar.
A BRS Guatã deve ser plantada entre setembro e março, com espaçamento de 0,5 a 0,8 metros entre as linhas, dependendo da estratégia de semeadura. A análise do solo é essencial para determinar as necessidades de correção e adubação. O molibdênio, um micronutriente importante para a fixação de nitrogênio, deve ser monitorado, especialmente em solos com pH elevado.
A cultivar está sendo comercializada por empresas parceiras da Unipasto, e as expectativas para sua expansão no mercado são altas. Segundo Marcos Roveri José, gerente executivo da associação, a BRS Guatã tem grande potencial para reduzir os custos de insumos na pecuária, especialmente no que diz respeito ao uso de adubos nitrogenados.
Com todos esses benefícios, a BRS Guatã se posiciona como uma solução inovadora e sustentável para os desafios enfrentados pela agricultura e pecuária no Brasil.
Fonte: Portal do Agronegócio
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