Pesquisas

Nanotecnologia Revoluciona o Desenvolvimento de Inseticidas Sustentáveis

Inseticida à Base de Nanomateriais Promete Maior Eficiência e Menor Impacto Ambiental


Publicado em: 30/07/2024 às 12:00hs

Nanotecnologia Revoluciona o Desenvolvimento de Inseticidas Sustentáveis

Cientistas da Embrapa Meio Ambiente e do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram um inseticida inovador com a aplicação de nanotecnologia. O novo produto utiliza a tecnologia de nanoencapsulamento para liberar a molécula inseticida tiametoxam de forma controlada, prometendo uma alternativa mais eficaz e sustentável em comparação aos pesticidas tradicionais.

O encapsulamento foi realizado em nanomicelas poliméricas, estruturas extremamente pequenas, com dimensões inferiores a um bilionésimo de metro, ou cerca de 80 mil vezes menores que a espessura de um fio de cabelo. Estudos indicam que nanopesticidas podem oferecer vantagens significativas sobre os pesticidas convencionais, com um potencial de substituição completa no futuro. As propriedades únicas dos nanomateriais — que incluem alterações nas características físicas, químicas e biológicas devido ao aumento da razão superfície-volume e efeitos quânticos — são fundamentais para essa inovação.

Os nanopesticidas, que utilizam nanomateriais em sua composição, têm mostrado uma aplicação mais eficiente e menos impacto tóxico sobre o meio ambiente do que suas contrapartes convencionais. No estudo, a formulação foi realizada através do nanoencapsulamento do tiametoxam, resultando em uma liberação prolongada pelas nanopartículas, maior estabilidade e especificidade do inseticida. Segundo Marcia Assalin, analista da Embrapa e coordenadora do estudo, “as nanoestruturas foram eficazes com uma dose aproximadamente duas vezes menor em comparação com as formulações comerciais”.

A eficácia do novo nanoinseticida foi testada em casas de vegetação, com foco no controle do inseto Diaphorina citri, transmissor do greening, também conhecido como huanglongbing (HLB). Esta doença, causada pela bactéria Candidatus Liberibacter spp., afeta todas as plantas cítricas e não possui cura, uma vez que a bactéria não pode ser eliminada da planta contaminada.

O desenvolvimento do nanoinseticida promete não só aumentar a eficiência no combate ao greening, mas também reduzir a necessidade de aplicações frequentes, diminuir a resistência das pragas e diminuir o impacto ambiental e os custos associados. Ljubica Tasic, professora da Unicamp, observa que o produto apresentou baixa toxicidade para organismos aquáticos em testes de ecotoxicidade, como Raphidocelis subcapitata e Artemia salina. Ela acredita que a nanotecnologia pode ser um caminho promissor para práticas agrícolas mais sustentáveis, capazes de garantir a qualidade de vida e a produção alimentar para futuras gerações.

O tiametoxam é um dos inseticidas mais utilizados para o controle do greening e pertence à classe dos neonicotinóides, conhecidos por sua alta solubilidade em água e potencial de lixiviação. A aplicação convencional desse inseticida pode resultar em perdas significativas devido a técnicas de aplicação inadequadas, condições ambientais, degradação por fotólise e lixiviação, levando a um aumento dos custos e impactos ambientais. Assalin ressalta que “os neonicotinóides são extremamente tóxicos para insetos polinizadores como as abelhas e foram banidos pela União Europeia por essa razão.”

Com a formulação de pesticidas nanoencapsulados, é possível garantir uma liberação controlada do ativo, proteção contra a degradação prematura e uma aplicação mais eficiente e sustentável. Estudos adicionais sobre os impactos nos seres humanos e no meio ambiente são necessários para validar completamente o uso desses pesticidas na agricultura.

Autores

O artigo Thiamehtoxam used as nanopesticide for the effective management of Diaphorina citri psyllid: an environmental-friendly formulation (Tiametoxam utilizado como nanopesticida para o manejo eficaz do psilídeo Diaphorina citri: uma formulação ecologicamente correta), que pode ser encontrado neste link, foi escrito por Marcia R. Assalin, Debora Cassoli de Souza, Maria Aparecida Rosa, Rafaela Duarte, Rodrigo Castanha e Elke Vilela, da Embrapa Meio Ambiente, Ljubica Tasic e Nelson Durán, da Unicamp.

Estudos mostram que a aplicação de nanopesticidas pode ser muito mais eficaz em comparação com os pesticidas convencionais já existentes

Fonte: Portal do Agronegócio

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