Publicado em: 09/09/2025 às 08:30hs
Um novo recurso tecnológico pode mudar a forma como frutas chegam ao consumidor. Pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em parceria com outras instituições, criaram um nanossachê biodegradável capaz de prolongar a durabilidade de bananas e reduzir perdas pós-colheita, um dos principais desafios da cadeia produtiva de alimentos.
Mesmo após a colheita, as bananas continuam produzindo etileno, hormônio natural que acelera o amadurecimento. Isso causa estragos durante o transporte, a comercialização e até no armazenamento doméstico. A novidade da pesquisa é que o nanossachê libera, gradualmente, uma substância que bloqueia a ação do etileno, atrasando o processo.
A eficácia foi avaliada em um sistema de embalagem ativa, que além de proteger, interage com o alimento. Aplicado em bananas da variedade “Prata”, o nanossachê garantiu coloração verde por mais tempo, maior firmeza, menor perda de massa e menor taxa respiratória ao longo de nove dias de armazenamento, em comparação às frutas sem a tecnologia.
Segundo o professor Eduardo Valério de Barros Vilas Boas, orientador do estudo na Escola de Ciências Agrárias de Lavras (Esal/UFLA), a inovação traz benefícios a toda a cadeia:
O especialista ressalta que a tecnologia pode ser aplicada não apenas em bananas, mas também em outros frutos colhidos ainda verdes ou no início do amadurecimento.
O estudo representa um avanço na aplicação da nanotecnologia em embalagens alimentares. Apesar dos resultados promissores, a utilização em escala comercial ainda depende de novos testes, como a definição da concentração ideal de 1-MCP (1-metilciclopropeno) para cada tipo de fruta e a mensuração da liberação do composto em embalagens.
A equipe da UFLA destaca que está aberta a parcerias com empresas e instituições interessadas em colaborar para levar a tecnologia ao mercado.
O material foi produzido a partir do Poliácido Lático (PLA), polímero biodegradável seguro para contato com alimentos.
Por meio da técnica “Fiação por Sopro em Solução” (Solution Blow Spinning), o PLA foi transformado em mantas de nanofibras ultrafinas, ideais para liberação controlada de substâncias.
Dentro das fibras foi encapsulado o composto 1-MCP/α-ciclodextrina (1-MCP/α-CD), responsável por inibir a ação do etileno.
A molécula carreadora α-CD permite que o 1-MCP seja manipulado em forma de pó e liberado somente na presença de umidade, garantindo eficiência e segurança.
As mantas de nanofibras possibilitam liberação gradual e precisa, oferecendo maior versatilidade no tratamento de diferentes frutas e hortaliças.
O material passou por análises de estrutura, estabilidade térmica, composição química e interação com água. Posteriormente, foi aplicado em bananas armazenadas com e sem o nanossachê.
Nos testes, os frutos que receberam a tecnologia apresentaram amadurecimento retardado, comprovado pelos indicadores:
A inovação desenvolvida pela UFLA alia sustentabilidade, nanotecnologia e segurança alimentar, oferecendo uma alternativa viável para enfrentar o desperdício de frutas. Se confirmada em escala industrial, a tecnologia pode transformar a conservação de alimentos perecíveis no Brasil e no mundo.
Fonte: Portal do Agronegócio
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