Pesquisas

Lavouras no Rio Grande do Sul apresentam incidência precoce da ferrugem-asiática da soja na safra 2023/24

No mês de janeiro, o site do Consórcio Antiferrugem contabilizou 51 relatos de ferrugem-asiática no Rio Grande do Sul, sendo 96% deles antes da fase de enchimento de vagens (estádio de desenvolvimento R5)


Publicado em: 01/02/2024 às 18:20hs

Lavouras no Rio Grande do Sul apresentam incidência precoce da ferrugem-asiática da soja na safra 2023/24
Foto: Folha de soja com ferrugem

Nas outras regiões do País, os relatos da doença ocorreram predominantemente na fase de enchimento de vagens (estádios de desenvolvimento R5), o que mostra uma incidência precoce da doença no Rio Grande do Sul, alerta a pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja. Hoje, o Estado contabiliza 88 casos da doença: 37 ocorridos em dezembro e 51 em janeiro.

A pesquisadora explica que o excesso de chuvas, no início da safra na região Sul do País, principalmente no Rio Grande do Sul, atrasou a semeadura das lavouras. Consequentemente, em janeiro, as lavouras se encontravam em diferentes fases de desenvolvimento, desde o estádio vegetativo até o enchimento de vagens. “Nas lavouras semeadas mais tardiamente a ferrugem-asiática pode ocorrer mais cedo, em razão do aumento de inóculo do fungo proveniente das lavouras semeadas mais cedo”, explica Godoy.

A pesquisadora vem observando que, nas redes sociais, os produtores e técnicos têm compartilhado conteúdos, relacionados a lavouras com alta severidade de ferrugem, mesmo quando é feita a aplicação de fungicidas. “Isso mostra que houve falhas de controle”, avalia. Neste sentido, Godoy orienta os produtores a observarem cuidadosamente a escolha dos fungicidas para o controle da doença. Segundo ela, os fungicidas mais usados pertencem a três grupos distintos (sítio específicos) que atuam em pontos específicos do fungo P. pachyrhizi, causador da doença: os Inibidores de desmetilação (IDM, "triazóis"), os Inibidores da Quinona externa (IQe, "estrobilurinas") e os Inibidores da Succinato Desidrogenase (ISDH, "carboxamidas").

“O controle da ferrugem-asiática está cada vez mais difícil pelo fato do fungo apresentar menor sensibilidade a esses três grupos de fungicidas”, alerta. “Além disso, nos últimos anos foi relatada uma nova mutação no fungo, influenciando a eficiência dos fungicidas que possuem os ingredientes ativos protioconazol e tebuconazol (IDM) na sua composição”, diz.

Diante desse cenário, a orientação da Embrapa é para que os fungicidas com esses ativos sejam utilizados em rotação e sempre com a adição de fungicidas multissítios - que têm atuação em vários pontos do fungo - para aumentar a eficiência de controle. “Outro alerta é para que a realização do controle químico seja já no início do surgimento dos sintomas, mesmo que observados no período vegetativo, respeitando o intervalo de aplicação de 14 dias entre as aplicações”, reforça Godoy. 

A Embrapa participa das redes de ensaios com diversas instituições de pesquisa onde anualmente são realizados experimentos para monitorar a eficiência dos fungicidas para controle da ferrugem-asiática. As informações mais atualizadas para a safra 2023/2024 estão disponíveis na publicação “Eficiência de fungicidas para o controle da ferrugem-asiática da soja, Phakopsora pachyrhizi, na safra 2022/2023: Resultados sumarizados dos ensaios cooperativos (Circular Técnica 195), disponível gratuitamente para download.  

Sobre a ferrugem da soja

A ferrugem-asiática da soja foi identificada pela primeira vez no Brasil em 2001, e a partir de então é monitorada e pesquisada por vários centros públicos e privados. Segundo o Consórcio Antiferrugem, essa doença, considerada a mais severa da cultura, pode causar perdas de até 90% de produtividade se não controlada. As estratégias de manejo da doença são: a ausência da semeadura de soja e a eliminação de plantas voluntárias na entressafra por meio do vazio sanitário para redução do inóculo do fungo, a utilização de cultivares de ciclo precoce e semeaduras no início da época recomendada como estratégia de escape da doença e a utilização de fungicidas.

Fonte: Embrapa Soja

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