Publicado em: 05/08/2024 às 09:30hs
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) autorizou recentemente o Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Mandioca e Fruticultura, na Bahia, a emitir laudos para a verrugose dos citros, doença fúngica que afeta a exportação de lima ácida tahiti (conhecida como limão tahiti) para a União Europeia (UE). A doença, causada pelo fungo Elsinoë spp., é considerada quarentenária na UE, onde a praga não existe. Mesmo sem casos registrados na Bahia e em outras regiões do Brasil, a ausência de um laudo de sanidade dos lotes pode complicar as exportações para o bloco europeu.
Desde abril, cerca de 200 amostras de produtores da Bahia, Sergipe e Minas Gerais foram analisadas pelo laboratório, que emite os laudos entre um e dez dias, dependendo da demanda e dos sintomas nos frutos. A Bahia, o quarto maior produtor de limão do Brasil, exportou cerca de US$ 34 milhões em 2023. A verrugose, que prejudica folhas, frutos e brotos de citros, causa lesões na casca, reduzindo a qualidade comercial dos frutos. Apesar de sintomas semelhantes aos do cancro cítrico, causado por uma bactéria, a verrugose não é transmitida de fruto para fruto.
Segundo o Observatório da Agricultura Brasileira, em 2023, o Brasil arrecadou US$ 139,3 milhões com a venda de lima ácida. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), limões e limas são a quarta fruta mais exportada do país. No entanto, o auditor fiscal agropecuário Caio César Simão, do Mapa, destaca que a maior preocupação sempre foi o cancro cítrico. Contudo, desde 2021, houve um aumento nas interceptações de limas brasileiras com verrugose na UE. Essa situação levou à implementação de um monitoramento rigoroso, com apoio da Embrapa, para garantir a continuidade das exportações.
De janeiro a maio, 60 contêineres de lima ácida foram devolvidos pela UE devido à presença de verrugose. Esse retorno é prejudicial para o setor como um todo, lembra Simão, pois outros mercados de cítricos, como os da Argentina e da África do Sul, já foram fechados por questões fitossanitárias. Especificamente na Bahia, os rechaços aumentaram de três em 2022 para dez até junho de 2024, não necessariamente indicando mais casos, mas sim uma fiscalização mais rigorosa.
Para garantir a conformidade dos envios, o laudo para verrugose passou a ser obrigatório, embora não seja uma exigência da UE. A medida visa a segurança e conformidade dos produtos exportados. O cancro cítrico continua sendo uma preocupação significativa para a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), que implementou normas rigorosas para a produção e movimentação de cítricos no estado.
A coordenação do Projeto Fitossanitário de Citros da Adab, liderada pela fiscal estadual agropecuária Suely Xavier de Brito Silva, assegura que a proibição de beneficiamento de frutos não produzidos na Bahia é uma medida de segurança para evitar a entrada de pragas. A verrugose, embora presente em limas ácidas, não foi observada com frequência na Bahia e não é considerada economicamente prejudicial para a citricultura global.
O laudo, válido por 30 dias, é emitido em nome da unidade de produção e deve ser apresentado ao Vigiagro, do Mapa, para certificação de exportação. As amostras, contendo pelo menos 20 frutos de 2% das árvores da unidade de produção, são analisadas no laboratório da Embrapa. O engenheiro-agrônomo Leandro de Souza Rocha explica que os frutos são avaliados para sintomas da verrugose, e, se confirmada a presença do fungo, a amostra é considerada positiva.
O laboratório da Embrapa tem sido uma grande ajuda para a cadeia produtiva da lima ácida tahiti na Bahia, segundo o engenheiro-agrônomo Gabriel Pedreira da Paixão. Ele destaca a redução de custos com transporte e análise, além de um processo de verificação mais eficiente e acessível.
O pesquisador Francisco Laranjeira recomenda práticas de manejo no campo para evitar a contaminação por verrugose, incluindo pulverizações adequadas e monitoramento. No packing house, a pré-seleção dos frutos é crucial. Em colaboração com a Abrafrutas, a Embrapa está aprimorando protocolos e testes laboratoriais para a exportação segura de limão tahiti.
A verrugose afeta várias variedades de citros, causando lesões significativas que depreciam o valor comercial dos frutos. O controle deve começar preventivamente quando os frutos estão em formação, para evitar prejuízos econômicos significativos.
Fonte: Portal do Agronegócio
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