Pesquisas

IDR Paraná desenvolve pesquisas para produção com conservação do solo

As pesquisas para recomendação e ampliação do uso de técnicas de manejo conservacionista do solo feitas pelas OEPAs se intensificam com o cenário nacional de estímulo da produção sustentável e conservação do meio ambiente


Publicado em: 05/05/2020 às 14:00hs

IDR Paraná desenvolve pesquisas para produção com conservação do solo

Prova disso, são as pesquisas desenvolvidas pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater. É o que mostra Graziela Moraes, pesquisadora e coordenadora da área de Solos do IDR Paraná, Engenheira Agrícola com doutorado em Ciência do Solo.

Microbracias hidrográficas

O manejo do solo e da água em microbacia devem ser realizadas de forma integrada de todos os ambientes presentes na bacia. Essa integração deve contemplar o manejo do solo através do uso das práticas conservacionistas, principalmente o sistema de plantio direto associado ao uso de terraços e plantio em nível. Devem contemplar também uma adequada alocação das estradas rurais e carreadores. Além disso, deve haver uma desconexão da encosta agrícola com o rio por meio das matas ciliares. Dessa forma, se tem o manejo adequado e integrado da água e do solo na bacia hidrográfica.
A pesquisadora Graziela explica que a maior parte das pesquisas que evidenciam a degradação do solo e a erosão em áreas de plantio direto é realizada em parcelas experimentais, porém estudos em pequenas bacias hidrográficas permitem extrapolar os efeitos da erosão e da produção de sedimentos causada pelo impacto da agricultura em diferentes escalas de análise.

Pensando nisso, o IDR/PR iniciou em 2017 o projeto de estudo em bacias e monitora duas pequenas bacias hidrográficas, uma na bacia do Paraná 3 (município de Toledo) e a outra bacia do Paranapanema III (município de Cambé). “Nessas áreas foram instaladas seções de monitoramento de vazão e produção de sedimentos na encosta e em rio de primeira ordem. Nas duas bacias hidrográficas, o manejo adotado é o plantio direto com semeadura de soja no verão e milho segunda safra ou aveia no inverno”, informa a coordenadora Graziela. A pesquisadora afirma que o estudo a longo prazo do monitoramento hidrossedimentológico em pequenas bacias hidrográficas permitem:

• o desenvolvimento de modelos de infiltração de água que melhor represente uma encosta ou uma pequena bacia hidrográfica,
• índices hidrológicos mais apropriados para os cálculos do distanciamento entre terraços,
• desenvolver métodos de identificação de pontos de maior potencial erosivo na bacia,
• desenvolver diferentes cenários para análise do efeito da agricultura na produção e descarga de sedimentos e nutrientes nos rios,
• identificar na bacia hidrográfica a origem, qualidade e quantidade de sedimento e nutrientes transportado pelo rio.

Com o sucesso do projeto, ele se expandiu no Paraná por meio do Programa PROSOLO, em 2018. Com o PROSOLO, mais 4 bacias hidrográficas foram instaladas com o mesmo objetivo de monitorar a qualidade do solo e da água e a vazão e produção de sedimentos em diferentes escalas de análise no Estado do Paraná. “Esperamos, agora, construir um banco de dados hidrossedimentológicos em diferentes escalas para fomentar as discussões sobre os impactos da agricultura sobre a conservação do meio ambiente”, afirma Graziela.

O caso Arenito Caiuá

O pesquisador Jonez Fidalski, do IDR/PR, dedica-se por desenvolver técnicas para o manejo de pastagens visando a conservação do solo e melhor produtividade na região de Arenito Caiuá. Jonez, em conjunto de Edivaldo Lopes Thomaz, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), conduziram experimento em uma bacia hidrográfica localizada no município de Paranavaí, Noroeste do Paraná. Os pesquisadores analisaram uma encosta de 2,6 quilômetros, com declividade de 5%, e constituída, em sequência a partir do cume, por solos do tipo Latossolo, Argissolo e Neossolo Quartzarênico, de acordo com a nomenclatura do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.

Para avaliar o potencial erosivo, os pesquisadores utilizaram simuladores de chuvas e coletaram os sedimentos carregados pela água. A taxa de carreamento foi calculada por meio de equações que consideram também a topografia e as condições climáticas da região, além do tipo e manejo do solo em análise. “Para uma chuva de mesma intensidade, o potencial de erosão aumenta dos Latossolos para os Argissolos e Neossolos Quartzarênicos. Por isso, não é aconselhável implantar um só tipo de cultura em toda a encosta”, explica o Fidalski.

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Ilustração cedida pelo pesquisador Jonez Fidalski

Com esse estudo, os pesquisadores chegaram a um denominador comum sobre o uso e manejo do solo. Fidalski aconselha que a exploração da cultura de mandioca para a recuperação de pastagens degradadas, prática usual na região, seja planejada com o auxílio de um engenheiro agrônomo.

O pesquisador alerta que culturas temporárias, como soja e mandioca, e permanentes, como fruticultura e pastagens, devem ser preferencialmente cultivadas em Latossolos. Também podem ser alocadas em Argissolos, mas ele previne que, neste caso, as práticas conservacionistas devem ser planejadas com bastante detalhamento. “Neossolos Quartzarênicos devem ser destinados exclusivamente a reflorestamento e mata ciliar”, conclui Fidalski.

Fonte: Consepa conservacao-solo-idr GRAFICO

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