Pesquisas

Fungos Como Alternativa no Controle de Pragas na Produção de Bananas

Pesquisa busca reduzir o uso de agrotóxicos e promover o controle biológico do moleque-da-bananeira


Publicado em: 18/12/2024 às 08:30hs

Fungos Como Alternativa no Controle de Pragas na Produção de Bananas

O controle biológico do moleque-da-bananeira, um dos principais insetos que afetam a produção de bananas, pode ganhar um aliado no uso de fungos selecionados. A técnica, em desenvolvimento em laboratórios da Universidade Tiradentes (Unit), Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) e Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), busca substituir o uso de agrotóxicos, oferecendo uma solução mais sustentável para a agricultura. O estudo, que será defendido como dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI) da Unit, foca na seleção, melhoramento e aplicação de fungos entomopatogênicos, aqueles capazes de causar doenças em insetos.

O objetivo da pesquisa é controlar a proliferação do Cosmopolites sordidus, besouro de cor preta responsável por danos significativos nas plantações de banana em diversas partes do mundo. A praga atinge todas as variedades de bananas e pode reduzir a produtividade do bananal em até 80%, dependendo da variedade afetada. Os sintomas incluem plantas com desenvolvimento limitado, folhas amareladas e secas, e cachos de bananas mais leves e fora do padrão comercial.

Marcelo da Costa Mendonça, professor do PBI/Unit e coordenador da pesquisa, explica que a fêmea do inseto coloca seus ovos no rizoma da planta, de onde as larvas se espalham, criando galerias que enfraquecem a planta e facilitam a entrada de patógenos. Esse processo pode levar à morte da gema apical e interromper o crescimento das plantas, especialmente em variedades mais jovens.

Uma Solução Sustentável para o Agronegócio

O pesquisador Lucas Jefferson Santos Barboza, responsável pela dissertação de mestrado, destaca que a pesquisa oferece uma alternativa natural e sustentável para o controle da praga, ao utilizar fungos do próprio ambiente, sem recorrer a pesticidas. "A pesquisa contribui para o avanço das práticas de controle biológico, diminuindo a dependência de químicos, protegendo a saúde dos trabalhadores rurais e evitando a contaminação dos frutos", afirma.

Mendonça acrescenta que a busca por métodos biológicos segue a tendência global de reduzir o uso de agrotóxicos e inseticidas, que geram impactos negativos no meio ambiente, causam doenças e desequilíbrios ecológicos, além de deixar resíduos nas frutas e verduras.

A Pesquisa em Andamento

O estudo teve início há cerca de um ano e meio, após um pequeno agricultor da região de Malhador, Sergipe, procurar o professor Mendonça em busca de uma solução para os insetos que infestavam seu bananal. A equipe coletou diversos insetos no local e realizou as primeiras etapas da pesquisa no Laboratório de Biologia Molecular (LBMol) do ITP e no Laboratório de Controle Biotecnológico de Pragas (LCBiotec). O fungo escolhido demonstrou 100% de eficácia na morte dos insetos em testes de laboratório.

Atualmente, a pesquisa está na fase de testes em campo, onde o fungo é aplicado em estufas agrícolas para observar a sua eficácia no controle da praga. O fungo tem um efeito multiplicador, pois, ao entrar em contato com o inseto, ele se espalha para outros membros da população, controlando o aumento da praga.

Caso os resultados sejam positivos e o método aprovado pelas autoridades reguladoras, a técnica poderá ser aplicada em áreas afetadas, com o potencial de ser adotada por produtores orgânicos e convencionais de bananas. A expectativa é que as empresas e instituições produtoras de bioinsumos agrícolas possam escalar a produção dessa tecnologia e distribuí-la para os agricultores.

Mendonça destaca que, ao atender a uma demanda específica de um produtor, a pesquisa poderá beneficiar muitos outros produtores de banana, especialmente os orgânicos, que não têm acesso a produtos químicos para o controle de pragas. "Este projeto tem um impacto direto e significativo no campo, oferecendo uma solução inovadora para um problema comum", conclui o professor.

Fonte: Portal do Agronegócio

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