Publicado em: 21/09/2023 às 12:30hs
A nova tecnologia reduz até 10 vezes o custo do processo, comparando-se aos métodos clássicos. O resultado é instantâneo, leva menos de um minuto. Nos processos convencionais, pode demorar até 10 dias. A análise é considerada sustentável, já que não utiliza reagentes químicos, não produzindo resíduos.
A novidade será lançada no dia 20 de setembro durante a quinta edição do International Fish Congress e Fish Expo Brasil (IFC 2023), em Foz do Iguaçu (PR), no estande da Embrapa. O evento reúne todos os elos da cadeia produtiva nacional e internacional.
A adaptação dos modelos de calibração foi feita para o espectrômetro NIR (espectroscopia no infravermelho próximo) de bancada da Büchi Brasil, multinacional suíça parceira da Embrapa na validação técnica da tecnologia.
O valor estimado de uma análise pelos métodos tradicionais é em torno de R$200. Segundo a coordenadora técnica da Büchi, Mariana Dias, via espectroscopia NIR, o custo pode ficar até 10 vezes menor, cerca de R$20 para a manutenção do equipamento e a troca de consumíveis. O elevado valor dos procedimentos tradicionais deve-se à grande quantidade de reagentes utilizada e o custo com mão de obra, pelo tempo gasto para as análises individualizadas de cada parâmetro. Também há custos no tratamento dos resíduos antes do descarte.
De acordo com o analista da Embrapa Avelardo Ferreira, que coordenou a pesquisa, a técnica de espectroscopia no infravermelho próximo é muito abrangente, sendo utilizada em diversos ramos, como alimentício, farmacêutico, químico e, também, na medicina.
“No caso da pesquisa, os modelos foram desenvolvidos ao longo de dois anos a partir da construção de um banco de dados com mais de 200 amostras de diferentes regiões e fabricantes e variadas espécies de peixes, em diversas fases de desenvolvimento - alevinos, juvenis e engorda. Dessa forma, obtivemos modelos de rações representativos da realidade brasileira”, explica Ferreira.
O modelo de calibração analisa as quantidades presentes de proteína, fibras, lignina, matéria seca, matéria mineral, celulose e extrato etéreo das amostras. Esses parâmetros são importantes para avaliar a qualidade das rações que estão sendo produzidas.
Para o diretor-geral da Büchi Brasil, Hermann Schumacher, o objetivo do projeto conduzido em parceria com a Embrapa é melhorar a eficiência produtiva da fabricação de ração para peixes por meio de um controle de processo eficaz e sustentável, utilizando tecnologia de última geração. “É um produto confiável, robusto e de fácil operação, concebido para tornar a rotina de monitoramento e controle de qualidade da fabricação de rações para peixes um processo simples, em tempo real”, observou Schumacher.
A tecnologia possibilita que fábricas e laboratórios realizem um número maior de coletas e análises, já que a técnica é mais barata, simples execução e fornece resultado imediato. Com isso, Avelardo Ferreira acredita que haverá um controle de qualidade maior dos produtos, com impactos positivos nessa cadeia.
A líder da ação Nutrição e Alimentação do projeto BRS Aqua, a pesquisadora da Embrapa Tarcila de Castro Silva, conta que na piscicultura a ração é um fator importante, porque constitui a maior parte dos custos de produção. A alimentação pode representar mais de 80% dos gastos na produção de peixes.
Qualquer melhoria ou garantia de qualidade pode ter impactos na produtividade e, consequentemente, no meio ambiente. “Os peixes crescem mais e com saúde. O produtor ganha mais, garantindo a continuidade da atividade. Sem o NIR, a ração, muitas vezes, é comercializada sem a certeza do atendimento dos níveis de segurança da sua composição. Com o espectrômetro, além da análise das matérias-primas, as rações prontas podem ser avaliadas ainda na linha de produção. É uma ferramenta que pode contribuir muito com o setor”, diz a pesquisadora.
A pesquisa faz parte da área de nutrição do projeto BRS Aqua, voltado à cadeia da piscicultura e financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Embrapa e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Os trabalhos para construção de modelos de calibração NIR para parâmetros diferentes foi iniciado ainda em 2017. A iniciativa foi do químico aposentado da Embrapa Gilberto Batista de Souza.
A tecnologia já está disponível para aquisição.
Fonte: Embrapa Pecuária Sudeste
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