Pesquisas

Desafios do futuro exigem nova postura das instituições de pesquisa

As instituições de ciência tecnologia e inovação terão de mudar nos próximos 20 anos.


Publicado em: 12/09/2013 às 10:00hs

Desafios do futuro exigem nova postura das instituições de pesquisa

“O tempo delas já não condiz mais com a velocidade das mudanças que ocorrem no mundo”. A opinião é do presidente da Embrapa, Maurício Lopes, durante palestra no encerramento do primeiro dia do seminário “O futuro da inovação na agricultura tropical: Oportunidades e responsabilidades para o setor de inovação agrícola brasileiro”, que acontece nesta semana, em Brasília (DF).

Lopes foi enfático ao afirmar que as instituições precisam estar atentas aos movimentos sociais, às redes sociais. Ele lembrou que a sociedade está cada vez mais engajada, esperando e cobrando cada vez mais das instituições de pesquisa.

Para o presidente, os cientistas também precisão se preparar para os temas complexos que vão além dos limites dos países, como as questões que envolvem as mudanças climáticas, a segurança biológica, o crime cibernético. São questões de grandeza mundial, daí a necessidade de parcerias, da construção de relacionamentos e de redes que trabalhem em sinergia e em sintonia.

Maurício Lopes disse que as instituições de P&D precisam cada vez mais se envolver no processo de melhoria e implementação de novas políticas públicas. “Tivemos muitos ganhos ao longo dos últimos 40 anos, mas há ainda um passivo de políticas públicas para a agricultura, para a saúde e em outras áreas, não só no Brasil, mas em todas as partes do mundo.”

Segundo ele, esse é um dos grandes desafios para a ciência, nem sempre percebido pelos cientistas como uma questão para as instituições de pesquisa. Trata-se de um mundo complexo, desconhecido pelo cientista. No entanto, “não podemos permanecer mais apenas no mundo da ciência e da tecnologia”, enfatizou.

Lopes considera também que as instituições de pesquisa precisam mover a sua força de trabalho para fora da visão disciplinar de mundo, da visão disciplinar da ciência. Ciência é um artefato, ao passo que o mundo real é complexo.

Na sua visão, a Embrapa tem que, cada vez mais fazer sua reflexão de futuro focada nas cadeias de valor – uma maneira da instituição não se perder ou se prender nos domínios disciplinares. O que o presidente quer dizer é que não é mais possível olhar o mundo real a partir das disciplinas. Os cientistas precisam estar conectados com o mundo e ele não funciona em disciplinas, compartimentos ou silos.

“Sair dos silos para as cadeias de valor significa termos capacidade para identificar os grandes desafios da nova legislação ambiental, dos novos fertilizantes que precisam ser desenvolvidos, da nova genética exigida pelos novos tempos, pela necessidade da automação de sistemas”, disse Lopes. Ele também falou da necessidade da instituição aprimorar tecnologias gerenciais e assim “sermos capazes de lidar com os desafios na grandeza com que eles se apresentam”. São questões ligadas à energia, a resíduos, a modelagem, a gestão da inteligência territorial, olhando as safras, não na perspectiva do agricultor, mas do território.

Ele também ressaltou a necessidade de inclusão cada vez maior das métricas na agenda de prioridade da pesquisa. Ou seja, medição dos impactos das tecnologias para saber se elas realmente são sustentáveis.

Agropensa

Até o dia 12, o fórum “O futuro da inovação na Agricultura Tropical” reúne lideranças mundiais de Ciência e Tecnologia do setor agropecuário. O evento promovido faz parte das atividades do Agropensa, o Sistema de Inteligência Estratégica da Embrapa. A rede é dedicada a produzir e difundir conhecimentos e informações em apoio à formulação de estratégias de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) para a própria Empresa e instituições parceiras.

Lançado no dia 24 de abril, durante as comemorações do 40º aniversário da Embrapa, o Agropensa atua no mapeamento e apoio à organização, integração e disseminação de base de dados e de informações agropecuárias. Ele captura e prospecta tendências, identifica futuros possíveis e elabora cenários que permitam à agropecuária brasileira melhor se preparar diante de potenciais desafios e oportunidades.

O fórum é a primeira etapa da estratégia da Empresa para a construção do documento “Visão 2013-2033: Desafios e oportunidades tecnológicas para a agricultura brasileira do futuro”, que será apresentado à sociedade em abril de 2014.

Fonte: Sandra Zambudio

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