Publicado em: 04/09/2024 às 11:30hs
A cultura do trigo, em crescente expansão no Cerrado brasileiro, tem sido estudada pela Embrapa há mais de quatro décadas. Com o objetivo de adaptar cultivares às condições específicas do bioma e aprimorar o manejo para maximizar a produtividade e qualidade dos grãos, a Embrapa apresentou os resultados de suas pesquisas em um Dia de Campo promovido pela Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF) no último dia 29, no PAD-DF. O evento reuniu mais de 250 participantes, incluindo produtores, técnicos, estudantes e representantes do setor agrícola.
O pesquisador Júlio Albrecht, da Embrapa Cerrados, destacou que, apesar das boas expectativas para o cultivo de trigo no início do ano, os resultados foram mistos. Para o trigo sequeiro, a falta de umidade do solo, causada por chuvas precoces, resultou em frustrações e perdas significativas, incluindo ataques graves de brusone em algumas lavouras. Em contraste, o trigo irrigado se beneficiou das condições climáticas favoráveis, com temperaturas noturnas baixas e diurnas adequadas, permitindo um desenvolvimento saudável das plantas e produtividades superiores a 120 sacas por hectare com a cultivar BRS 264.
Albrecht projeta que, para 2024, a produção total de trigo na região deve ser ligeiramente inferior à do ano anterior, com uma estimativa de cerca de 800 mil toneladas, em comparação com as 900 mil toneladas colhidas no ano passado. No entanto, o Cerrado do Brasil Central continua sendo uma área promissora para a triticultura, com potencial para mais de 1 milhão de hectares dedicados ao trigo irrigado e entre 2 milhões e 2,5 milhões de hectares para o trigo sequeiro.
O pesquisador enfatizou a importância do trigo na rotação de culturas, que ajuda a controlar doenças e pragas, como os nematoides. Apesar dos riscos associados ao cultivo do trigo safrinha, um manejo adequado pode resultar em boas produtividades e excelente qualidade dos grãos para panificação.
A Embrapa tem desenvolvido variedades de trigo com maior resistência à seca e ao calor, além de ciclos mais curtos para evitar a falta de umidade durante a safrinha e maior resistência à brusone. No próximo ano, está previsto o lançamento de uma nova cultivar de trigo irrigado com elevado potencial de produção (cerca de 130 sacas por hectare), precocidade (ciclo de aproximadamente 115 dias) e qualidade superior para panificação.
Durante o Dia de Campo, Albrecht também detalhou as principais características das cultivares BRS, como a BRS 264, lançada em 2006, que se destaca pela elevada qualidade industrial e produtividade. A cultivar BRS 254, contemporânea da BRS 264, também mostrou alta produtividade e qualidade, enquanto a BRS 394, mais recente, oferece alta produtividade e resistência ao ataque da brusone. A cultivar BRS 404, desenvolvida para o sistema de sequeiro, se destaca pela tolerância à seca e calor.
O pesquisador Jorge Chagas, da Embrapa Trigo, forneceu recomendações práticas para o manejo das cultivares de trigo irrigado, enfatizando a importância do planejamento, a escolha adequada de sementes e insumos, e a época ideal de semeadura. A semeadura deve ocorrer entre 5 e 20 de maio para otimizar rendimento e qualidade dos grãos. Chagas também destacou a importância da densidade de semeadura, adubação e uso de reguladores de crescimento para evitar problemas como acamamento das plantas.
Por fim, Chagas mencionou o programa gratuito Monitoramento de Irrigação disponível na página da Embrapa Cerrados, que auxilia no acompanhamento da demanda hídrica das lavouras. O Dia de Campo contou ainda com a participação de empresas como OR Sementes, Staphyt, Semevinea Genética e Syngenta, que discutiram cultivares, manejo do trigo e controle de nematoides.
Fonte: Portal do Agronegócio
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