Publicado em: 09/05/2024 às 17:30hs
Um estudo conduzido em parceria entre a Embrapa e o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) identificou mais de 300 espécies de animais silvestres vivendo no cinturão citrícola brasileiro, que abrange o estado de São Paulo e parte de Minas Gerais. A pesquisa, realizada em cinco fazendas produtoras de laranja, revelou uma grande variedade de aves e mamíferos circulando em ambientes de produção agrícola. Além disso, o estudo estimou cerca de 36 milhões de toneladas de carbono armazenadas em laranjeiras, no solo e nas áreas de vegetação nativa.
O projeto, financiado pelo Fundo de Inovação para Agricultores da empresa britânica Innocent Drinks, tem como objetivo apoiar iniciativas que promovam a agricultura de baixo carbono, a biodiversidade e práticas agrícolas sustentáveis. Os resultados do levantamento da fauna, junto com a relação das espécies identificadas, serão apresentados durante o lançamento da Pesquisa de Estimativa Safra de Laranja 2024/2025, a ser realizada na sede do Fundecitrus em Araraquara, São Paulo, com transmissão ao vivo pelo canal da instituição no YouTube.
Antonio Juliano Ayres, gerente-geral do Fundecitrus, destaca que o estudo ajuda a desmistificar a relação entre citricultura e desmatamento. "O trabalho mostra como a citricultura pode ser compatível com a preservação da fauna e flora, refutando a ideia de que as práticas agrícolas necessariamente prejudicam o meio ambiente", afirma Ayres. "Estamos celebrando 10 anos da Pesquisa de Estimativa de Safra e felizes em apresentar esse estudo que reflete o compromisso da citricultura com práticas sustentáveis, beneficiando tanto a fauna quanto o ecossistema como um todo."
José Roberto Miranda, pesquisador da Embrapa Territorial, salienta que a presença de tantos animais silvestres no cinturão citrícola é um sinal positivo. "Podemos afirmar que a citricultura está promovendo biodiversidade, já que oferece locais para as aves construírem ninhos e, ao mesmo tempo, algumas espécies se alimentam de laranjas sem causar prejuízo ao produtor", explica Miranda. Ele acrescenta que muitas aves se alimentam de insetos, inclusive de pragas que afetam a citricultura, tornando-se uma espécie de controle biológico natural.
Vinícius Trombin, coordenador da Pesquisa de Estimativa Safra do Fundecitrus, ressalta que o avistamento de animais silvestres nos pomares de laranja tem se tornado cada vez mais comum, graças também às áreas de vegetação nativa mantidas nas propriedades citrícolas. "São quase 160 mil hectares dedicados à vegetação nativa, o que ajuda a atrair e sustentar a fauna silvestre", explica Trombin.
Além de ser um refúgio para a fauna, o cinturão citrícola brasileiro desempenha um papel importante no armazenamento de carbono. Estima-se que as 560 mil hectares do cinturão contenham cerca de 36 milhões de toneladas de carbono, retidas nas árvores, no solo e nas áreas de vegetação nativa. Esses resultados foram obtidos por meio de uma pesquisa detalhada, em que foram analisadas 80 laranjeiras de diferentes variedades e idades, pesadas e medidas para avaliar a quantidade de carbono armazenada em cada parte da planta.
Carlos Cesar Ronquim, da Embrapa Territorial, explica que o ineditismo do estudo está na análise detalhada de toda a biomassa, incluindo troncos, galhos, folhas e raízes. "Conseguimos calcular a quantidade de carbono presente em cada laranjeira e, com isso, extrapolar os dados para todo o cinturão citrícola", disse ele. O resultado mostra que o cinturão citrícola como um todo armazena cerca de 8,2 milhões de toneladas de carbono apenas nos pomares.
Essas descobertas mostram que a citricultura brasileira, além de ser uma referência mundial em produtividade, também contribui para a mitigação das mudanças climáticas e para a preservação da biodiversidade. O setor gera milhares de empregos e arrecada centenas de milhões de dólares em impostos, ao mesmo tempo em que adota práticas agrícolas que beneficiam a fauna, a flora e a saúde do planeta.
Fonte: Portal do Agronegócio
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