Pesquisas

Cientistas espanhóis desenvolvem tomate resistente ao frio sem perda de produtividade

Pesquisa do Centro de Agrigenômica de Barcelona identifica mecanismo natural que amplia tolerância das plantas a baixas temperaturas, abrindo caminho para o cultivo em regiões frias


Publicado em: 19/11/2025 às 14:00hs

Cientistas espanhóis desenvolvem tomate resistente ao frio sem perda de produtividade
Avanço biotecnológico promete revolucionar o cultivo de tomate em climas frios

Pesquisadores espanhóis anunciaram um avanço significativo na biotecnologia agrícola que pode transformar o cultivo de tomates em regiões de clima frio. O estudo, realizado pelo Centro de Pesquisa em Agrigenômica (CRAG), em Barcelona, revelou um mecanismo natural capaz de aumentar a resistência da planta às baixas temperaturas sem comprometer o crescimento ou a produtividade.

A descoberta, publicada na revista científica Plant Physiology, representa um passo importante para o enfrentamento das perdas agrícolas provocadas pelo frio, especialmente em um cenário de mudanças climáticas globais.

Esteróis glicosilados: a chave para a resistência ao frio

A equipe liderada pelos pesquisadores Albert Ferrer e Teresa Altabella identificou que o aumento dos níveis de esteróis glicosilados — compostos presentes nas membranas celulares — fortalece a tolerância do tomate ao frio.

Esses esteróis desempenham papel essencial na estabilização da estrutura celular e na ativação de respostas hormonais e moleculares que protegem o metabolismo vegetal contra os danos causados pelas baixas temperaturas.

Experimentos comprovam eficácia genética das enzimas SlSGT1 e SlSGT2

Originário de regiões tropicais, o tomate tem seu desenvolvimento comprometido quando exposto a temperaturas inferiores a 12 °C. Para entender como superar essa limitação, os cientistas manipularam geneticamente duas enzimas associadas à produção dos esteróis: SlSGT1 e SlSGT2.

Os resultados foram expressivos: as plantas com maior concentração desses compostos apresentaram resistência ampliada ao frio, enquanto aquelas com níveis reduzidos mostraram maior vulnerabilidade às baixas temperaturas.

Plantas mais fortes, antioxidantes mais ativos e resposta hormonal aprimorada

Além de suportarem melhor o frio, os tomates modificados exibiram uma resposta fisiológica mais rápida e eficiente. As plantas ativaram precocemente enzimas antioxidantes e genes de defesa, além de aumentarem a produção de hormônios jasmonatos, responsáveis por preparar a planta para enfrentar situações de estresse.

De acordo com os pesquisadores, o mecanismo descoberto não prejudica o desenvolvimento nem o rendimento das plantas, o que o torna uma ferramenta valiosa para programas de melhoramento genético e produção comercial de tomates adaptados a climas frios.

Futuro do cultivo de tomates em tempos de mudanças climáticas

O estudo do CRAG abre novas perspectivas para o cultivo de tomates em regiões antes limitadas pelas baixas temperaturas. A técnica pode reduzir perdas agrícolas e ampliar a oferta de variedades adaptadas a condições extremas, reforçando a segurança alimentar em meio às oscilações climáticas globais.

Fonte: Portal do Agronegócio

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