Pesquisas

Cientistas da Unicamp Concluem Sequenciamento Genético do Café Arábica

Avanço Científico Promete Melhorias na Qualidade e Resistência da Espécie


Publicado em: 15/05/2024 às 17:30hs

Cientistas da Unicamp Concluem Sequenciamento Genético do Café Arábica
Foto: Brasil é o maior produtor de café do mundo, com 55,1 milhões de sacas de 60 kg do produto somente em 2023. Foto: Governo de SP

Um feito inédito marcou a comunidade científica global: um grupo de 69 pesquisadores de 18 países conseguiu decifrar o genoma referência do café arábica (Coffea arabica), a espécie mais consumida em todo o mundo e responsável por 70% da produção de café no Brasil. O trabalho, publicado na revista Nature Genetics em abril, revela informações valiosas que podem revolucionar a produção dessa bebida tão apreciada.

Impacto do Sequenciamento Genético

O sequenciamento do genoma do café arábica possibilita que cientistas trabalhem em melhorias genéticas significativas, visando tornar a planta mais resistente a pragas e condições climáticas adversas, além de aprimorar suas características sensoriais, como aroma e sabor. "Com um entendimento mais aprofundado do material genético da planta, podemos identificar genes relacionados a cada uma de suas características e realizar modificações genéticas para obter um produto de qualidade superior", destaca João Meidanis, professor do Instituto de Computação (IC) da Unicamp e um dos pesquisadores envolvidos no estudo.

Desafios e Descobertas

Sequenciar o genoma de uma espécie é uma tarefa complexa, assemelhada a montar um quebra-cabeça gigante. Nesse caso, os pesquisadores precisaram decodificar a sequência de bases nitrogenadas que compõem o DNA do café arábica. Essa espécie apresenta um desafio adicional, já que suas células são tetraplóides, com quatro cópias de cada cromossomo, ao contrário das células diplóides das espécies originais.

A análise comparativa do DNA das três espécies de café revelou que o cruzamento entre o Coffea canephora e o Coffea eugenioides ocorreu naturalmente entre 350 mil e 600 mil anos atrás. Além disso, os cientistas mapearam o movimento migratório do café arábica, desde sua origem no Grande Vale do Rift, na Etiópia, até o Iêmen, na Península Arábica. Esse estudo também identificou conjuntos de genes responsáveis pela resistência a doenças, como a ferrugem do café.

Perspectivas Futuras

Além de abrir portas para melhorias genéticas no café, esse avanço científico pode impactar outras áreas da agricultura. A próxima parada é o sequenciamento da cana-de-açúcar, uma espécie ainda mais complexa geneticamente. O sucesso desse sequenciamento representará um marco na genômica mundial, prometendo avanços significativos na produção agrícola e na qualidade dos alimentos.

Fonte: Portal do Agronegócio

◄ Leia outras notícias