Publicado em: 20/10/2015 às 10:00hs
A origem do centro remete à Usina Hidrelétrica de Itaipu pela necessidade de estudar os tipos de energias renováveis para sanar problemas de poluição na sua barragem, devido a dejetos animais despejados inadequadamente por algumas propriedades rurais do Oeste do Paraná. Atualmente, o centro é independente e conta com 17 instituições que atuam direta e indiretamente em projetos de energias renováveis.
“A usina começou no biogás para resolver um problema ambiental da água, mas depois percebeu que o biogás é um ativo energético que tem um valor agregado, com preço no mercado. O biogás mais do que resolver um problema ambiental, resolve um inconveniente energético”, diz o diretor-presidente do CIBiogás, Rodrigo Regis.
Localizado no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu (PR), o centro conta com 11 unidades demonstrativas voltadas para a produção do biogás, com foco nos pequenos e médios produtores rurais e em cooperativas do Oeste do Paraná. Além disso, o centro iniciou este ano, a expansão das atividades para o exterior ao iniciar a implantação da primeira unidade internacional de demonstração, no país vizinho sul-americano, Uruguai.
O CIBiogás atua em diferentes atividades, como na consultoria e estudos de viabilidade de implantações de sistemas de produção de biogás, com cursos a distância voltados para estudantes e profissionais que atuam na área de energias renováveis com o intuito de promoção e estudo sobre a importância do biogás para a sociedade. Além disso, o centro conta com um laboratório criado em parceria com a Universidade de Recursos Naturais e Ciências Aplicadas à vida (Boku), de Viena, e da Embrapa.
Dentro do trabalho desenvolvido pelo centro está o Condomínio Ajuricaba de Agroenergia para Agricultura Familiar, um projeto de idealização brasileira em que o trabalho de reaproveitamento de dejetos animais é realizado em parceria com pequenos suinocultores. Os dejetos dessas propriedades são tratados por meio de biodigestores, e o biogás produzido é transportado por meio de um gasoduto de 25,5 quilômetros até uma Microcentral Termelétrica. No local, é gerada energia elétrica, térmica e biocombustível. A matéria orgânica residual do processo de biodigestão pode ser utilizada como biofertilizante.
Esse processo traz diretamente benefícios econômicos para o produtor, pois, o biogás produzido nas propriedades, além de poder gerar energia elétrica, térmica e biocombustível, pode ser utilizado para o cozimento e aquecimento de água que higieniza o sistema de ordenha. Além desse trabalho, o centro tem dois projetos voltados para a suinocultura: uma granja e duas unidades produtoras de leitões. Conta também uma granja com atividades voltadas para a bovinocultura e criação de galinhas poedeiras, três amidonarias e outra fazenda que desenvolve a pecuária leiteira.
“O CIBiogás está trabalhando nessa área para poder fazer o produtor gerar energia elétrica, térmica e biocombustível, e ainda ampliar o uso de biofertilizantes na lavoura”, destaca Régis.
Recentemente, um líder comunitário africano, Bachir Afonso, após um mês de treinamento no CIBiogás, construiu todo o sistema de geração de biogás na comunidade do Parque Nacional das Quirimbas, em Moçambique. O biocombustível está mudando a rotina das mulheres da comunidade que podem abastecer os fogões com o biogás gerado por meio da transformação dos dejetos animais. Na comunidade, cerca de 95% dos moradores não têm acesso à energia elétrica e térmica.
Para ele, o biogás é a solução perfeita, pois além de gerar energia, retira do meio ambiente dejetos e esgoto, reduzindo odores e a infestação de insetos e roedores, que causam doenças como a cólera e a malária. “Além disso, é uma energia sustentável e responsável. É absolutamente viável, principalmente por estarmos em uma área de conservação ambiental”, ressalta.
A energia gerada na região poderá contribuir para o desenvolvimento de toda a comunidade, desde o impulso na agricultura até a melhoria de qualidade de vida. O próximo passo é que dejetos humanos também sejam transformados em energia, sendo uma possível solução para o problema da falta de saneamento básico no local.
Fonte: Assessoria de Imprensa Projeto Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono
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