Publicado em: 17/11/2025 às 08:30hs
Um estudo realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal (PPGCA) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) revelou que o cruzamento entre as raças Angus e Holandesa pode trazer benefícios significativos à pecuária leiteira. Segundo os pesquisadores, os bezerros mestiços apresentaram maior peso ao nascer e melhor desenvolvimento pós-parto, além de menor incidência de diarreia, quando comparados aos animais de raça pura Holandesa.
A técnica, conhecida como “beef on dairy”, consiste na utilização de touros de corte em vacas leiteiras para gerar bezerros voltados à produção de carne. Já difundida em países como Estados Unidos e nações europeias, essa prática vem ganhando espaço no Brasil. No Paraná, por exemplo, cooperativas têm oferecido bonificações a produtores que enviam bezerros mestiços — especialmente os cruzados com Angus — para os frigoríficos.
De acordo com Ruan Daros, professor do PPGCA da PUCPR, compreender o impacto do cruzamento entre raças é essencial para aprimorar o manejo e a eficiência dos sistemas produtivos. “Entender como o cruzamento influencia a saúde e o desempenho dos animais é fundamental para embasar decisões de manejo, independentemente da aptidão do rebanho”, explica.
O levantamento mostrou que os bezerros mestiços nasceram com média de 40 quilos, cerca de 10% mais pesados do que os da raça Holandesa pura, que registraram 36 quilos. Além disso, os cruzados apresentaram ganho de peso superior durante a fase de criação e quase três vezes menos chances de desenvolver diarreia — 2,95 vezes, segundo os pesquisadores.
O estudo foi conduzido com dados retrospectivos de 379 bezerros, sendo 89 mestiços (Angus × Holandesa) e 290 Holandeses puros, todos criados nas mesmas condições em uma fazenda leiteira de grande porte no Paraná. As observações foram feitas durante todo o período de aleitamento, até os 78 dias de vida.
Os resultados reforçam que o cruzamento estratégico entre raças leiteiras e de corte pode aumentar a rentabilidade da propriedade e melhorar o bem-estar animal.
Os pesquisadores destacam que, para que o potencial dos bezerros cruzados seja plenamente alcançado, os cuidados no manejo inicial são determinantes.
“Assim como o desempenho de uma vaca produtiva depende de boas práticas desde o nascimento, os bezerros voltados à produção de carne também precisam de atenção específica”, ressalta o professor Daros.
Entre os principais cuidados recomendados estão:
Essas práticas, segundo Michail Moroz, doutorando do PPGCA da PUCPR, são fundamentais para assegurar o bem-estar animal e também para aumentar o valor de mercado dos bezerros. “O manejo adequado contribui para um desempenho superior e gera retorno financeiro ao produtor”, destaca.
O trabalho, intitulado “Saúde e desempenho de bezerros beef on dairy (Angus × Holandês) e bezerros da raça Holandesa durante a fase de criação”, foi conduzido por Michail Sabino Moroz, doutorando do PPGCA/PUCPR, em parceria com Camila Cecilia Martin, professora da Universidade Positivo, e Ruan Rolnei Daros, professor da PUCPR.
A pesquisa foi publicada na revista científica Dairy e pode ser acessada pelo link: https://doi.org/10.3390/dairy6030020.
Fonte: Portal do Agronegócio
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