Publicado em: 04/09/2024 às 12:30hs
O Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar), uma inovação da Embrapa que utiliza tecnologia blockchain, começa a ser implementado na cadeia produtiva do arroz neste mês. A Arrozeira Pelotas é a primeira empresa a lançar um lote de arroz rastreado, que estará disponível para os consumidores por meio de um QR Code na embalagem, permitindo o acesso a informações detalhadas sobre a origem do produto e seu processo de produção.
Neste lançamento inicial, aproximadamente 300 toneladas de arroz branco tipo 1 da marca Brilhante foram rastreadas. A Arrozeira Pelotas planeja expandir a aplicação da tecnologia para novos lotes e produtos, incluindo arroz parboilizado e arroz parboilizado integral.
O novo sistema de rastreabilidade será apresentado na 47ª Expointer, em Esteio (RS), com uma cerimônia marcada para 29 de agosto, às 15 horas, no espaço da Embrapa no estande do governo federal, no pavilhão internacional. O trabalho de rastreabilidade envolveu produtores que cultivam as variedades BRS Pampa e BRS Pampeira, desenvolvidas pela Embrapa. Os lotes estão sendo distribuídos para o Distrito Federal e o Rio Grande do Sul nesta última semana de agosto e, posteriormente, alcançarão outros estados como Acre, Amazonas, Mato Grosso do Sul e Pará.
A implementação do sistema atende à Lei do Autocontrole, que exige uma parceria entre governo e setor produtivo para a fiscalização da produção agropecuária. Esta legislação, ainda em fase de regulamentação, estabelece a necessidade de monitoramento e registro auditável dos processos produtivos para garantir qualidade, segurança e conformidade legal dos produtos.
Nathalia Xavier, supervisora de qualidade da Arrozeira Pelotas, destaca o apoio da diretoria e gerência no desenvolvimento do projeto de rastreabilidade. “Com o Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade da Embrapa, nosso objetivo é fornecer aos consumidores informações claras sobre o produto, mostrando transparência em nosso processo de produção”, afirma Xavier.
O pesquisador Alexandre de Castro, da Embrapa Clima Temperado (RS), ressalta a importância da rastreabilidade para garantir que os consumidores possam acessar informações sobre os produtos que adquirem e para criar um diferencial competitivo. “Na Europa, a rastreabilidade é amplamente adotada e esperada pelos consumidores. No Brasil, estamos começando a adotar essa prática”, observa Castro.
O Sibraar, desenvolvido pela Embrapa Agricultura Digital (SP) e lançado em 2022, usa tecnologia blockchain para garantir a integridade dos dados. Com informações registradas em blocos criptografados, a tecnologia assegura a inviolabilidade e autenticidade dos dados, essencial para a rastreabilidade.
Anderson Alves, supervisor da área de negócios da Embrapa Agricultura Digital, explica que o sistema foi inicialmente projetado para o setor sucroenergético, mas está sendo adaptado para outras cadeias agrícolas. A operação é realizada em parceria com a Ferpall Tecnologia Ltda., que já oferece rastreabilidade para açúcar mascavo e demerara, além de frutas, verduras e legumes (FLV), e agora também para o arroz Brilhante.
A Embrapa também está colaborando com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) para desenvolver protocolos de rastreabilidade para suínos e frangos de corte, e pretende expandir para o setor de pescados.
A rastreabilidade do arroz envolve a coleta de dados sobre todos os elos da cadeia produtiva, desde a originação até a comercialização. Para o arroz Brilhante, são registrados dados sobre os produtores e a indústria, incluindo nome da propriedade, CPF, geolocalização, certificações e informações sobre o produto.
Essas informações estão acessíveis através de um QR Code na embalagem, que leva a uma "página de rastro" com dados como o código de rastreio do lote, a assinatura digital, especificações do produto, informações nutricionais e imagens da embalagem. A página de rastro também oferece um certificado de autenticidade emitido pela Embrapa.
Nathalia Xavier acredita que a rastreabilidade demonstra o comprometimento da Arrozeira Pelotas com a qualidade e segurança, e ajuda a atender às regulamentações tanto para o mercado interno quanto para exportações. Anderson Alves ressalta que, apesar de a rastreabilidade via QR Code não ser uma exigência legal no Brasil, os consumidores cada vez mais demandam essa transparência das indústrias.
A Embrapa está estabelecendo parcerias com associações de produtores para expandir o uso do Sibraar em diferentes cadeias produtivas. A Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) está colaborando para criar protocolos de rastreabilidade e integrar seus sistemas de gestão ao Sibraar.
Andressa Silva, diretora-executiva da Abiarroz, observa que a Lei do Autocontrole tem incentivado a rastreabilidade. “O Sibraar incorpora a tecnologia da Embrapa e promove a rastreabilidade do produtor ao consumidor, utilizando blockchain para garantir a segurança da cadeia”, afirma Silva. Ela destaca que a rastreabilidade traz benefícios como melhor gestão da cadeia de suprimentos, proteção contra fraudes e aumento da confiança do consumidor, refletindo positivamente na valorização da cadeia produtiva.
Fonte: Portal do Agronegócio
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