Publicado em: 16/10/2025 às 17:00hs
Os recentes casos de intoxicação por metanol no Brasil acenderam um alerta no setor de bebidas alcoólicas e levaram produtores de cachaça a procurar a Universidade Federal de Lavras (UFLA) para testar a qualidade de seus produtos. O Centro de Referência em Análise de Qualidade de Cachaça registrou aumento expressivo na procura por testagens laboratoriais e orientações técnicas, com o objetivo de assegurar a pureza e a segurança das bebidas comercializadas.
De acordo com a coordenadora do centro, professora Maria das Graças Cardoso, mais de 400 laudos emitidos entre 2024 e 2025 mostram resultados tranquilizadores: em quase todos os casos, o metanol não foi detectado ou apareceu em níveis muito abaixo do limite máximo permitido.
“O valor mais alto encontrado foi de 1,47 mg/100 mL de álcool anidro, quando o limite é de 20 mg/100 mL. Isso indica que a cachaça artesanal produzida em Minas Gerais é segura e não apresenta histórico de contaminação”, destacou.
O metanol é um subproduto natural da fermentação, formado quando bagacilhos de cana permanecem no caldo devido à filtragem inadequada. Durante a fermentação, enzimas convertem compostos presentes nesses resíduos em ácido galacturônico, que depois se transforma em metanol.
Segundo a professora Maria das Graças, a filtragem correta do caldo — feita com peneiras específicas ou tratamentos químicos e térmicos — reduz drasticamente o risco de contaminação. Além disso, o metanol evapora antes do etanol durante a destilação e se concentra na chamada “fração cabeça”, que deve ser descartada por produtores experientes.
“Quando o corte é feito corretamente, o metanol não permanece na bebida final”, explicou a pesquisadora.
A presença de metanol é um dos parâmetros obrigatórios de controle de qualidade definidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). O laboratório da UFLA realiza essas análises desde o ano 2000, utilizando a técnica de Cromatografia Gasosa com Detecção por Ionização de Chamas (GC/FID) — método oficial reconhecido pelo ministério.
Produtores interessados em testar suas bebidas podem entrar em contato com o Centro de Referência da Cachaça pelos telefones
📞 (35) 99975-3727 / (35) 3829-1630 / (35) 99883-8471 ou pelo e-mail 📧 labcachaca.dqi@ufla.br.
Pesquisadores da Escola de Ciências Agrárias de Lavras (Esal/UFLA) estão desenvolvendo uma forma inovadora de detectar metanol em bebidas destiladas, utilizando a espectroscopia no infravermelho próximo (NIR). O método, já testado em amostras de vodka e cachaça, permite identificar e quantificar o metanol de forma rápida e precisa, sem necessidade de reagentes químicos.
O professor Paulo Ricardo Gherardi Hein, responsável pelo estudo, explica que a tecnologia é promissora por ser mais ágil, econômica e sustentável, podendo ser aplicada em fiscalizações de campo.
“Essa técnica facilita inspeções, reduz custos e ajuda a combater fraudes no setor de bebidas, fortalecendo a segurança do consumidor e a credibilidade dos produtos brasileiros”, afirmou Hein.
O grupo da UFLA que conduz o estudo é formado pelos doutorandos Luiza Mendonça Bonfim Tavares e Thalles Loiola Dias, a técnica Vanuzia Rodrigues Fernandes Ferreira, e os docentes Thiago de Paula Protásio e Paulo Fernando Trugilho, além do professor Hein.
A equipe também realiza análises em bebidas comercializadas em Lavras e região, com o objetivo de garantir segurança ao consumidor. Interessados podem entrar em contato pelos e-mails 📧 nir.dcf@ufla.br e paulo.hein@ufla.br.
Fonte: Portal do Agronegócio
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