Publicado em: 19/07/2013 às 18:50hs
Um dos avanços foi a chegada da versão 5.0 do modelo regional Brams (desenvolvimentos brasileiros para o sistema de modelagem atmosférica regional, na sigla em inglês), que permite cobertura continental e gera previsões mais confiáveis, com qualidade e antecipação.
O Brams 5.0 é sustentado pelo supercomputador Cray, apelidado de Tupã e instalado em 2011 no Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/Inpe), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, em Cachoeira Paulista (SP). O equipamento alcança velocidade de pico de 244 teraflops - cada teraflop corresponde a mais de 1 trilhão de operações processadas por segundo. Sua capacidade de armazenamento em disco chega a 3.84 petabytes, ou mais de 3 milhões de gigabytes.
Segundo o gerente operacional do setor de implementação operacional do CPTEC, Demerval Soares Moreira, um processo que no Tupã leva um dia para ser finalizado levaria décadas para ser executado em um PC doméstico. "A chegada do Tupã abriu a possibilidade de ter um modelo com maior resolução", diz Moreira. "Também foi necessário grande esforço para otimização do código, para que fosse executado eficientemente utilizando 9600 processadores."
Parte dos investimentos para a melhoria saíram da Agência Brasileira de Inovação (Finep), que em 20 anos investiu cerca de R$ 100 milhões em infraestrutura e projetos na área de estudos sobre o clima, principalmente no Inpe e no Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Os resultados são animadores. A antecedência das previsões geradas pelo CPTEC dobrou, passando para seis dias. Além disso, seu nível de detalhamento é quatro vezes maior, de cinco quilômetros, contra 20 quilômetros do modelo anterior, o que permite informações mais acuradas sobre quantidade e localização de chuvas e a ocorrência de eventos extremos, como chuvas intensas, granizo, geadas e outros. As previsões de qualidade do ar incluirão gases como monóxido e dióxido de carbono e óxido nitroso, bem como aerossóis.
O Inmet vai pelo mesmo caminho. A partir de 2007, a expansão da rede de estações automáticas com equipamentos finlandeses fez da rede brasileira a maior da América do Sul. Com cerca de 500 estações automáticas, o sistema de coleta e transmissão de dados é feito via satélite geoestacionário e telefonia celular, operando mesmo com falha no fornecimento de energia elétrica ou telefonia local, e os dados coletados são disseminados em tempo real em um portal na internet.
Responsável pela meteorologia operacional no Brasil, o Inmet também vai refinar sua cobertura, substituindo o atual Modelo Brasileiro de Alta Resolução (MBAR), que cobre a América do Sul com 10 quilômetros de resolução horizontal e 60 níveis na vertical, pelo modelo Consortium for Small-scale Modeling (Cosmo), com resolução de 7 quilômetros. "O Cosmo faz parte de um consórcio de vários países. Além do Cosmo 7 km, o Inmet processa o Cosmo 2,8 km para as regiões Nordeste, Sudeste e Sul quatro vezes por dia", diz o diretor do instituto, Antonio Divino Moura. Segundo ele, tudo isso só foi possível devido ao recente aumento da capacidade computacional do instituto, que saltou de 4 para 56 teraflops, e ambos os produtos são disponibilizados aos usuários em menos de duas horas após sua inicialização, fornecendo ao meteorologista tempo suficiente para preparar um alerta de evento severo.
Fonte: Canal do Produtor
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