O Estado Livre da Baviera, localizado na região sudeste do país, é um dos dezesseis estados federais alemães. Geograficamente é o maior estado da Alemanha e o segundo mais populoso. A delegação, composta por 19 pessoas de diversos setores, visitou o Brasil no período de 3 a 12 de maio, passando pelos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

“O Brasil é conhecido na Baviera como uma superpotência em agricultura”, disse Martin Langewellpott, representante do governo na Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, de São Paulo. A viagem teve como propósito traçar um panorama geral da atuação brasileira, especialmente nas áreas de economia, política e relações internacionais. “Certamente a agricultura é uma das áreas importantes para cooperação”, destacou. “Queremos aprender como o Brasil organizou a sua agricultura e se tornou o principal provedor de alimentos do planeta.”

Os avanços da agricultura brasileira e as contribuições que a Embrapa realizou, resultantes do investimento em pesquisas e tecnologias, foram temas da palestra “Embrapa's Contribution for a Knowleged-Based, Tropical Agriculture” que o pesquisador Ariovaldo Luchiari ministrou para os visitantes. Entre os assuntos abordados, Luchiari fez uma breve apresentação da Empresa e mostrou como o desenvolvimento tecnológico revolucionou a produção agrícola.

“Em 40 anos o Brasil desenvolveu uma ciência baseada em agricultura tropical avançada”, informou Luchiari. Como exemplo, citou a cultura da soja, que se expandiu graças a variedades adaptadas, por meio de técnicas de melhoramento genético, fixação biológica de nitrogênio, controle de pragas e doenças, e mecanização. Também ressaltou os ganhos de produtividade do País com relação às culturas de arroz, feijão, café, além da produção de frutas, hortaliças e carne bovina, conquistando a segurança alimentar em um período relativamente curto e desenvolvendo uma matriz energética limpa.

Esses ganhos de produtividade ocorreram sem aumento significativo de área. Entre 1977 a 2009, enquanto houve aumento de 220% na produção, a expansão da área agrícola foi de apenas 25%, disse o pesquisador. Ele também apresentou tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Informática Agropecuária, como o Sistema de Monitoramento Agrometeorológico Agritempo, Diagnose Virtual, WebAgritec, software Invernada, além do estudo TerraClass e de pesquisas em bioinformática, que são resultados do conhecimento em tecnologia da informação aplicada ao agronegócio.

O compromisso do governo e as políticas públicas, entre outros fatores, têm um papel relevante no sucesso da inovação da agricultura no Brasil, de acordo com Luchiari. Ele enfatizou que o País desenvolve programas focados na conservação do “complexo agrícola brasileiro”; entre eles, o Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono), que busca facilitar o sequestro de carbono, reduzir as emissões de gases de estufa, minimizar a degradação do solo, incluindo a erosão e poluição química, e considerando aspectos restritivos, como a alta de energia, os custos de insumos e a escassez de recursos naturais. Ainda abordou o Portfólio de Mudanças Climáticas da Embrapa e o programa de intensificação do uso da terra com sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF).

Para Langewellpott, a visita foi muito produtiva, pois a delegação é composta por gestores de órgãos públicos, que terão funções importantes na definição de futuras políticas do governo alemão, em diversas áreas. Ele disse que ficou bastante satisfeito em saber que o Labex Europa da Embrapa possui uma representação no Forschungszentrum Jülich, localizado na cidade alemã de Aarchen. Em 2012, um representante do Estado da Baviera conheceu a Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e recomendou essa visita à Embrapa Informática Agropecuária.

Durante o período em que esteve no País, a delegação visitou o consulado alemão, a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, a empresa Schott Brasil, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a Fundação Konrad Adenauer e conheceu o projeto social “Centro Social e Creche Bom Samaritano”, todos no Rio de Janeiro. Em São Paulo, o grupo esteve no Escritório de Representação do Estado da Baviera na Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, no Palácio dos Bandeirantes, na Fundação Friedrich-Ebert (FES), no colégio Benjamin Constant e ainda conheceu o Centro Alemão de Ciência e Inovação (DWIH) e o Escritório das Aldeias Infantis SOS Brasil.

Já em Campinas (SP), a comitiva também foi recebida pela Bosch do Brasil e pela Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais da Universidade Estadual de Campinas, onde discutiu a possibilidade de intercâmbio de pesquisa e pessoal entre as universidade alemãs de München e Ingolstadt e a Unicamp, pelo programa Ciência sem Fronteiras. Todas essas atividades integram a temporada "Alemanha+Brasil 2013-2014", que teve início este mês, com o lema “Quando ideias se encontram”. O objetivo é ampliar e aprofundar as relações entre os dois países, dando maior visibilidade à cooperação e incentivando novas parcerias.