Conectividade e Digital

Reforma Tributária exige transformação digital e estratégica nas empresas

Mudanças na legislação fiscal exigem que negócios adotem novas tecnologias e repensem processos para garantir compliance e eficiência operacional


Publicado em: 26/09/2025 às 08:30hs

Reforma Tributária exige transformação digital e estratégica nas empresas
Foto: Gemini Generated Image

Aprovada pelo Congresso, a reforma tributária brasileira representa a maior mudança no sistema fiscal desde a Constituição de 1988. Além de alterar tributos, a medida traz impactos profundos na gestão contábil, tecnológica e operacional das empresas, exigindo planejamento e adaptação já nos próximos anos.

Nova estrutura tributária será implementada gradualmente

O novo modelo prevê a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual, com a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), substituindo gradualmente PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS.

A transição ocorrerá entre 2026 e 2033, período em que empresas terão de operar sob dois regimes tributários simultaneamente, aumentando a complexidade administrativa e fiscal.

Empresas ainda não estão preparadas para a mudança

Apesar da proximidade da transição, muitas organizações seguem atrasadas. De acordo com pesquisa do Thomson Reuters Institute, 76% das empresas ainda não iniciaram os ajustes tecnológicos e operacionais necessários, o que eleva os riscos financeiros e regulatórios.

Tecnologia da Informação terá papel central

A área de Tecnologia da Informação será uma das mais impactadas. Sistemas de gestão (ERPs) e softwares fiscais precisarão ser adaptados para cumprir as novas exigências.

Um levantamento da KPMG mostra que 85% das empresas terão de realizar mudanças significativas em seus sistemas, mas menos de um terço possui um plano de ação estruturado.

Entre as novas obrigações acessórias estão:

  • Nota Fiscal eletrônica nacional unificada (NF-e);
  • Domicílio Tributário Eletrônico (DTE);
  • Split Payment, que exigirá integração em tempo real com sistemas do governo via APIs.
Transição aumenta desafios operacionais

Entre 2026 e 2032, as empresas precisarão lidar com a convivência entre os dois sistemas tributários. Isso demandará ajustes minuciosos em processos de faturamento, emissão de notas fiscais, contas a pagar e receber, escrituração fiscal e gestão de créditos tributários.

Notas fiscais, por exemplo, deverão conter novos campos e códigos relacionados à CBS e ao IBS, exigindo atualização dos sistemas e segregação correta das operações. Além disso, a rastreabilidade dos créditos tributários — tanto os acumulados no sistema atual quanto os do novo regime — será fundamental para evitar perdas financeiras.

Rastreabilidade e inteligência fiscal serão fundamentais

Com o IVA dual, a coerência e a rastreabilidade de informações passam a ser pontos críticos. Isso porque o crédito gerado em uma etapa da cadeia produtiva só poderá ser aproveitado na seguinte se os registros fiscais e contábeis estiverem consistentes.

Inconsistências entre notas fiscais, escrituração e declarações podem resultar na perda do direito de crédito ou em questionamentos do Fisco.

Consultorias e especialistas ganham relevância

Diante da complexidade, muitas empresas estão recorrendo a consultorias especializadas em tecnologia e gestão tributária. A antecipação de ajustes, como a adequação de ERPs ainda em 2025 para testes com CBS e IBS, é vista como estratégia essencial para reduzir riscos.

Um planejamento bem estruturado pode evitar prejuízos maiores, como falhas sistêmicas, multas e paralisação de operações. Além disso, a integração de áreas como TI, financeiro, compliance e processos internos garante maior eficiência durante a adaptação.

Transformação obrigatória, mas também estratégica

Para o especialista Cláudio Costa, Head da Selbetti Business Consulting, a reforma não deve ser encarada apenas como obrigação fiscal, mas como uma oportunidade de modernização da gestão empresarial.

Segundo ele, empresas que se anteciparem estarão mais preparadas para enfrentar o período de transição e poderão transformar um desafio regulatório em vantagem competitiva.

Fonte: Portal do Agronegócio

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