Publicado em: 06/05/2025 às 07:30hs
O acesso à conectividade ainda representa um obstáculo significativo em boa parte do mundo. Enquanto as áreas urbanas concentram a maior parte da infraestrutura de telecomunicações, regiões rurais e remotas seguem à margem da digitalização. Essa exclusão tecnológica compromete a adoção de soluções inovadoras em setores fundamentais da economia e dificulta o avanço do desenvolvimento sustentável. Nessas localidades, empresas e comunidades operam com acesso limitado — ou até inexistente — a dados essenciais para o progresso dos negócios.
Este cenário, no entanto, começa a ser transformado com o avanço das tecnologias de Internet das Coisas (IoT) via satélite, que viabilizam a transmissão de dados mesmo nos pontos mais isolados. Segundo o relatório Satellite IoT Market Analysis, da consultoria OMDIA, as conexões desse tipo devem atingir 29,9 milhões até 2030, consolidando um mercado em franca expansão, impulsionado por seu baixo custo e elevado desempenho.
Um passo importante nesse processo foi dado em janeiro de 2025, com o lançamento de quatro nanossatélites de Órbita Terrestre Baixa (LEO), integrando a constelação UltraLite da Myriota — empresa referência global em conectividade via satélite para IoT e dispositivos de baixo consumo energético. A iniciativa, realizada em parceria com a Spire, fornecedora de dados e análises espaciais, ampliou a capacidade de rede da Myriota e garantiu cobertura global para aplicações em Internet das Coisas.
Os satélites foram lançados durante a missão Transporter-12, da SpaceX, e ampliaram significativamente o alcance dos serviços da Myriota, abrindo caminho para a entrada da empresa em mercados como México, Brasil, Chile, Argentina e diversos países do Oriente Médio.
Além da expansão geográfica, outro fator determinante para a democratização da conectividade é o baixo consumo energético das soluções desenvolvidas pela Myriota. Com sensores que operam por anos utilizando apenas duas pilhas AA, sem necessidade de infraestrutura local ou energia elétrica, o custo total de propriedade (TCO) para operações remotas pode ser até 50 vezes menor. Isso permite que as empresas acessem dados estratégicos sem deslocamentos frequentes para verificação de ativos, reduzindo custos, tempo e recursos — o que torna a tecnologia altamente viável para implantações em larga escala.
Segundo Oscar Delgado, Diretor de Vendas para a América Latina da Myriota, o crescimento do mercado permite que mais organizações superem as limitações das redes terrestres. “Quanto mais acessíveis e coerentes forem as informações, mais eficientes serão as ações, gerando uma adoção generalizada e, consequentemente, a democratização”, destaca.
A ampliação da conectividade por satélite tem repercussões diretas em diversos segmentos econômicos. No campo, sensores conectados monitoram condições como umidade do solo, irrigação, clima e níveis de reservatórios, mesmo em propriedades agrícolas afastadas dos grandes centros.
Na área de logística, a tecnologia viabiliza o rastreamento contínuo da carga, o monitoramento da temperatura de contêineres e a localização dos veículos, inclusive em áreas de difícil acesso. Também permite o acompanhamento remoto de frotas, manutenção preditiva por meio de sensores e o rastreamento de ativos móveis, como embarcações, reboques e tanques de combustível.
No setor ambiental, a IoT via satélite proporciona o monitoramento eficiente de bacias hidrográficas, áreas de preservação, florestas e unidades de conservação, possibilitando ações preventivas e maior proteção dos recursos naturais. Já em indústrias como energia, mineração e saneamento, frequentemente situadas em locais com infraestrutura precária, a conectividade remota representa um importante avanço operacional.
Além disso, a utilização de satélites próprios oferece maior controle sobre a infraestrutura de comunicação, garantindo segurança na transmissão dos dados e eliminando a dependência de redes terrestres instáveis. Essa independência tecnológica reforça a resiliência das operações, um requisito fundamental diante de eventos climáticos extremos, ataques cibernéticos ou sobrecarga das redes tradicionais.
Ao direcionar soluções para regiões historicamente desassistidas, iniciativas como essa contribuem para tornar o acesso à informação e à inteligência de dados uma realidade acessível — independentemente da infraestrutura local disponível.
Fonte: Portal do Agronegócio
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