Biotecnologia

Biotecnologia pode gerar até R$ 1,8 bilhão extra por safra para setor de etanol

Avanços em técnicas biotecnológicas prometem aumentar a produtividade da cana-de-açúcar, impulsionando lucros e eficiência na produção de etanol no Brasil


Publicado em: 02/10/2025 às 09:30hs

Biotecnologia pode gerar até R$ 1,8 bilhão extra por safra para setor de etanol

Um estudo da Lallemand Biofuels & Distilled Spirits (LBDS) mostra que a aplicação de biotecnologia na produção de etanol no Brasil tem elevado de forma expressiva a rentabilidade do setor. Em pouco mais de uma década, os ganhos passaram de R$ 4 para R$ 56 por tonelada processada, um salto de 1.300%.

Ganhos bilionários para o setor de etanol

Segundo as projeções, a tecnologia pode acrescentar entre 340 e 680 milhões de litros de etanol por safra, o que representa uma receita adicional de R$ 900 milhões a R$ 1,8 bilhão. O avanço consolida o setor como protagonista da bioeconomia e da transição energética mundial.

Impactos diretos na produção de milho para etanol

Nas usinas que utilizam leveduras de última geração, a produção sobe de 410 para 431 litros por tonelada de milho processada. O rendimento de óleo também cresce, de 12 para 18 quilos por tonelada. Em uma planta com moagem de 2 mil toneladas por dia, isso equivale a R$ 39 milhões a mais por ano em lucratividade.

Além disso, há economia anual de cerca de R$ 10 milhões com insumos como ureia e enzimas.

Como funcionam as novas leveduras

As leveduras otimizadas conseguem converter os chamados “açúcares invisíveis” — como dextrinas e oligossacarídeos — em glicose, que pode ser fermentada. Esse processo reduz desperdícios, melhora o rendimento e elimina a necessidade de ampliar a área plantada.

Com essa tecnologia, é possível reduzir em até 35% a produção de glicerol e em 20% a geração de biomassa, o que garante até 1,5% a mais de etanol produzido sem aumento de custos operacionais ou novos investimentos em infraestrutura.

Exemplo prático: ganhos em escala industrial

Em um caso de referência, o uso das leveduras resultou em 910 litros extras de etanol por dia, gerando R$ 237 mil adicionais em uma única safra. O dado ilustra como pequenas melhorias percentuais podem representar margens expressivas em escala industrial.

Oportunidades globais para o etanol

O avanço chega em um momento estratégico. Projeções internacionais apontam que, até 2030, 20% a 30% da demanda mundial por combustível sustentável de aviação (SAF) poderá ser suprida a partir do etanol — o que representa entre 9 e 12 bilhões de litros.

O bioetanol também tem espaço crescente na indústria química verde, sendo matéria-prima para bioetileno utilizado na produção de plásticos e compostos renováveis. Hoje, já existem mais de dez plantas industriais no mundo operando com essa tecnologia.

Produção brasileira e visão estratégica

Em 2024, o Brasil produziu cerca de 37 bilhões de litros de etanol, sendo 29 bilhões de cana-de-açúcar e 8 bilhões de milho. Segundo especialistas, apenas a otimização dos processos atuais já poderia aumentar consideravelmente essa produção, sem necessidade de expandir a área agrícola.

Para Fernanda Firmino, vice-presidente da LBDS na América do Sul, a biotecnologia deve ser entendida como um caminho de longo prazo:

“As usinas não precisam de mais terra ou insumos para crescer. A biotecnologia permite aproveitar melhor o que já está disponível, aumentando margens e reduzindo impactos ambientais”, afirmou.

Fonte: Portal do Agronegócio

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