Publicado em: 27/10/2025 às 10:30hs
Um estudo da RaboResearch Food & Agribusiness, publicado em outubro de 2025, revela que o agronegócio brasileiro passa por uma profunda transformação impulsionada pela tecnologia. O país já é o segundo maior destino de investimentos em agtechs da América Latina, com startups atuando em todas as etapas da cadeia produtiva – desde a compra de insumos até a logística pós-colheita.
Segundo o relatório, a inovação tecnológica vem tornando a agricultura nacional mais eficiente, produtiva e sustentável, fortalecendo o papel do Brasil como líder global na produção de grãos e no enfrentamento dos desafios climáticos.
Entre 2020 e 2025, o número de startups agrícolas no país saltou de 1.574 para cerca de 2 mil, representando mais de 80% das agtechs da América do Sul. Nesse período, o Brasil atraiu mais da metade de todos os investimentos em tecnologia agrícola do continente, com destaque para o pico de US$ 330 milhões em 2023, conforme dados da AgFunder e do Radar Agtech Brasil.
As startups se dividem em três principais frentes de atuação:
Essas inovações contribuem para modernizar o campo e ampliar a competitividade do agronegócio brasileiro, especialmente em um cenário de alta complexidade global.
A pesquisa destaca que o avanço tecnológico nas últimas décadas foi decisivo para o sucesso agrícola do país. Três frentes tiveram papel fundamental:
O estudo aponta que a integração dessas tecnologias viabilizou o sistema de duplo cultivo (safrinha), que hoje cobre mais de 57% das áreas de soja em Mato Grosso e 37% no país.
O relatório mostra que o Brasil entra agora em uma fase de agricultura digital e automatizada, marcada pelo uso de inteligência artificial, robótica e big data.
Entre as principais tendências destacadas estão:
A RaboResearch ressalta que, diante da volatilidade climática e de preços das commodities, a adoção de tecnologias é essencial para mitigar riscos e aumentar a eficiência.
Segundo estudo da McKinsey (2022) citado no relatório, quase metade dos produtores brasileiros já utiliza ou está aberta a adotar soluções digitais no campo, com forte adesão entre produtores de grãos e algodão no Cerrado.
O uso de ferramentas tecnológicas permite reduzir custos, aumentar produtividade e implementar sistemas como a safrinha, essenciais em um ambiente de margens estreitas.
Há dez anos, a produtividade de soja no Brasil era de cerca de 50 sacas por hectare. Hoje, a média nacional alcança 66 sacas/ha, refletindo o salto de eficiência.
Nos últimos 30 anos, a produção de grãos cresceu impulsionada mais pela produtividade (5,9% ao ano) do que pela expansão de área plantada (3,6%). A safra 2024/25 registrou recordes em soja, milho safrinha e algodão, consolidando o país entre os mais eficientes do mundo.
O estudo atribui esse avanço à combinação de pesquisa, inovação e condições naturais favoráveis, como relevo plano e chuvas bem distribuídas.
Apesar dos avanços, o relatório alerta que o acesso limitado a crédito, a carência de mão de obra qualificada e a desigualdade regional de infraestrutura ainda limitam a adoção de tecnologias em larga escala.
Para consolidar o modelo de agricultura inteligente e sustentável, o Brasil precisa ampliar investimentos em pesquisa, capacitação técnica e transferência de conhecimento, garantindo que a inovação chegue também a pequenos e médios produtores.
“O futuro do agronegócio brasileiro depende da integração entre tecnologia, sustentabilidade e inclusão produtiva”, conclui o relatório da RaboResearch.
Fonte: Portal do Agronegócio
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