Publicado em: 24/07/2025 às 16:00hs
Os drones vêm conquistando cada vez mais espaço na agricultura brasileira, especialmente na pulverização de lavouras. Com avanços tecnológicos, eles oferecem uma alternativa moderna para agricultores e prestadores de serviço, mas ainda geram dúvidas sobre custos, regulamentação e eficiência. Para esclarecer essas questões, especialistas reuniram informações essenciais sobre o uso dos drones na pulverização agrícola.
O documento “Uso de drones agrícolas no Brasil: da pesquisa à prática” (Documento 474), assinado pelo pesquisador da Embrapa Soja Rafael Moreira Soares e pelo empresário Eugênio Passos Schröder, traz um panorama completo sobre a tecnologia. A publicação aborda desde os aspectos regulatórios até o uso prático dos drones por agricultores e prestadores de serviço, apresentando ainda dados de pesquisas nacionais e internacionais e exemplos de aplicação em culturas relevantes.
Soares explica que os drones mais comuns na agricultura são os multirrotores e os de asa fixa, ambos movidos por baterias elétricas. “Eles são classificados segundo peso e altura máxima de voo, e contam com diversos hardwares, softwares, câmeras e sensores que viabilizam desde o mapeamento georreferenciado até a aplicação automatizada de produtos líquidos e sólidos”, detalha.
O documento será lançado durante o Congresso Brasileiro de Soja e o Mercosoja 2025, entre 21 e 24 de julho, em Campinas (SP). No evento, Rafael Soares fará uma palestra técnica sobre tecnologias de aplicação aérea, destacando as particularidades da pulverização via drones.
Diferente dos pulverizadores terrestres e dos aviões agrícolas, os drones representam uma tecnologia intermediária, o que exige uma análise cuidadosa antes da adoção. Ainda faltam pesquisas para definir parâmetros ideais como taxa de aplicação, velocidade, altura de voo, deposição e uniformidade das gotas, além de controle da deriva e mistura de produtos.
“Embora algumas vantagens dos drones sejam evidentes, a mensuração precisa desses benefícios ajudaria a aprimorar seu uso”, afirma Soares. Ele destaca que a área está em constante evolução tecnológica, com máquinas cada vez mais modernas e maior diversidade de culturas e produtos atendidos.
Um avanço recente é a adoção de bicos rotativos, que substituem as pontas hidráulicas tradicionais. Esses bicos possuem um disco giratório que controla o tamanho das gotas, aumentando a uniformidade e reduzindo a deriva, possibilitando operação desde gotas finas até ultra grossas.
No Brasil, drones são oficialmente classificados como Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) ou Aeronave Remotamente Pilotada (ARP/RPA). Para garantir conformidade legal, produtores e prestadores de serviço devem consultar fontes como o portal do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), que reúne os principais requisitos regulatórios.
Além disso, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) é responsável pela homologação dos drones, que transmitem radiofrequência. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) regula as atividades de aviação civil e infraestrutura aeronáutica, enquanto o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) gerencia o espaço aéreo e autoriza voos em áreas restritas.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ainda define normas específicas para drones aplicadores de agrotóxicos, fertilizantes, inoculantes, corretivos e sementes.
Com a chegada de modelos de drones com tanques de 40 litros ou mais, desde 2022, tornou-se viável pulverizar mais de 100 hectares por dia com um único equipamento, aumentando sua atratividade no campo.
Para agricultores, o investimento pode ser menor, já que muitos já possuem veículo e equipe para apoio. Já para quem deseja montar uma empresa prestadora de serviços, o custo total é cerca de três vezes o valor do drone, considerando acessórios, veículos, estrutura administrativa e capital de giro, alerta Eugênio Schröder.
O custo para contratar pulverização via drone varia conforme relevo, vegetação, tecnologia utilizada, distância e produto aplicado, com preços que vão de R$ 100 a R$ 400 por hectare. Alguns prestadores cobram por hora de voo, outros pelo serviço completo, incluindo preparo da calda.
Com o avanço constante da tecnologia e a crescente aceitação do mercado, os drones agrícolas representam uma importante revolução na pulverização de culturas no Brasil, unindo precisão, eficiência e segurança para o produtor rural.
Fonte: Portal do Agronegócio
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