Publicado em: 15/08/2025 às 11:45hs
A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros pode provocar uma reviravolta no mercado de seguro agrícola nacional. Estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apontam para perdas de até US$ 5,8 bilhões nas exportações do agronegócio, o que representa uma redução de 48% na receita dos exportadores.
Essa queda significativa afeta diretamente a capacidade dos produtores de contratar seguros, elevando o risco de inadimplência e fragilizando a proteção do setor em um momento de alta volatilidade climática e de mercado.
Segundo Daniel Miquelluti, Head de Novos Mercados e cofundador da Picsel, a retração nas exportações tem impacto imediato sobre o seguro rural.
“O seguro agrícola brasileiro é altamente dependente das commodities de exportação. Quando há redução abrupta na receita externa, o produtor perde fôlego financeiro para manter a cobertura, justamente em um momento de maior volatilidade climática e de mercado”, afirma.
O cenário é agravado pelo corte de 42% no orçamento do Programa de Subvenção Rural (PSR), que, de acordo com o Ministério da Agricultura, reduziu a área segurada de 14 milhões para 7 milhões de hectares, segundo levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).
Análise do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) indica que os efeitos serão mais severos em regiões com maior dependência do mercado norte-americano, como Sul e Sudeste, e em culturas líderes nas exportações para os EUA, como café e carne bovina.
A retração na contratação de seguros nessas áreas pode gerar efeito cascata sobre a produção, a renda rural e a estabilidade de cadeias produtivas, aumentando a concentração de riscos e reduzindo a resiliência do setor agrícola.
Para Miquelluti, a reação do mercado e do governo precisará ser ágil.
“O setor terá de inovar com o desenvolvimento de seguros personalizados e produtos paramétricos, enquanto o governo enfrentará pressão para ampliar subsídios em um contexto de forte restrição fiscal”, alerta.
Ele reforça que o seguro rural deve ser tratado como ferramenta anticíclica, capaz de proteger o produtor e estabilizar a economia do agronegócio em períodos de crise.
Fonte: Portal do Agronegócio
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