Seguro Rural

Seguros podem destravar até US$ 55 bilhões em investimentos para agricultura regenerativa no Cerrado, aponta relatório da Howden

Estudo apresentado durante a COP30 destaca o papel estratégico do Brasil e defende o seguro como infraestrutura essencial da transição verde


Publicado em: 24/11/2025 às 15:00hs

Seguros podem destravar até US$ 55 bilhões em investimentos para agricultura regenerativa no Cerrado, aponta relatório da Howden
Relatório destaca potencial de investimentos sustentáveis no Cerrado

Durante a COP30, a corretora global Howden, em parceria com o Boston Consulting Group (BCG) e o High-Level Climate Champions, apresentou um relatório inédito que aponta o potencial transformador dos seguros para impulsionar investimentos em agricultura regenerativa e reflorestamento no Cerrado brasileiro.

O estudo estima que a transição para práticas sustentáveis na região pode mobilizar até US$ 55 bilhões até 2050, dos quais mais de 80% dependeriam de financiamento privado. Segundo a análise, a falta de cobertura securitária é um dos principais entraves para que esses recursos sejam liberados.

Falta de seguro trava expansão da agricultura regenerativa

O relatório alerta que os sistemas agroalimentares globais enfrentam crescente pressão devido à crise climática, degradação do solo e aumento da demanda por alimentos. Mesmo diante desse cenário, apenas 7% dos fundos globais de financiamento climático são destinados ao setor, e menos de 20% chegam aos pequenos produtores rurais.

De acordo com Antônio Jorge Rodrigues, Head de Resseguros de Contratos da Howden Re Brasil, o seguro pode ser o elo que falta para destravar o capital necessário à transição verde.

“O seguro tem o poder catalisador para mudar esse cenário. Ao incorporarmos soluções de seguro desde o início — especialmente em reflorestamento e agricultura regenerativa — podemos transformar capital estagnado em oportunidades reais de investimento”, afirmou Rodrigues.

No Brasil, 48% dos produtores afirmam não conseguir financiamento para adotar práticas regenerativas, segundo o estudo.

Brasil tem papel estratégico na transição verde

O relatório ressalta que poucos países têm a relevância do Brasil quando o assunto é agricultura regenerativa e segurança alimentar. O Cerrado, por exemplo, é responsável por 25% da produção mundial de soja, 6% da carne bovina, 27% da cana-de-açúcar e 6% do milho.

De acordo com o BCG, a transição dos sistemas produtivos no Cerrado e na Amazônia representa uma oportunidade de investimento de até US$ 92 bilhões, com retorno estimado entre 15% e 29% até 2050 e benefícios diretos a mais de 600 mil agricultores. Além disso, a mudança poderia evitar a emissão de 210 milhões de toneladas de CO₂ até meados do século.

Seguro como infraestrutura essencial da transição climática

O estudo propõe redefinir o papel do seguro dentro da economia verde, tratando-o como infraestrutura essencial da transição climática.

“Com as soluções corretas, os seguros deixam de ser vistos como custo e passam a atuar como catalisadores da transformação, apoiando financiadores, governos e o setor privado na construção de uma transição inclusiva e resiliente”, destacou Dan Ioschpe, Climate High-Level Champion da COP30.

O relatório cita casos de sucesso que comprovam o impacto das soluções securitárias: projetos de financiamento verde entre US$ 3 e 5 bilhões, além de centenas de milhões em reflorestamento e sistemas agroflorestais, viabilizados por meio de seguros climáticos e produtos indexados que já pagaram milhões em indenizações a agricultores.

Desafios regionais e impacto global da falta de cobertura

Na América Latina, 65% dos pequenos produtores ainda não têm acesso a crédito, e quem adota práticas regenerativas pode enfrentar perdas de rentabilidade entre 15% e 25% nos primeiros anos de transição, elevando o risco financeiro.

O problema também afeta economias desenvolvidas. Um estudo anterior da Howden, encomendado pelo Banco Europeu de Investimento, aponta que as perdas agrícolas causadas por eventos climáticos já somam € 28 bilhões por ano na União Europeia — valor que pode chegar a € 40 bilhões anuais até 2050, mesmo sob cenários moderados de aquecimento.

“O seguro é o elo perdido da transição climática. Ele redistribui riscos, atrai capital e permite que mudanças reais ganhem escala”, conclui Antônio Jorge Rodrigues.

Relatório completo

Fonte: Portal do Agronegócio

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